sábado, 20 de novembro de 2021

Amor como nunca pude sequer imaginar


Em dezembro deste ano de 2021 fará vinte e três anos que eu e meu marido nos conhecemos. É incrível como o tempo passa rápido e a gente nem se dá conta, mas basta vir uma lembrança e toda história vem à mente com uma força extraordinária.


Naquele dezembro de 1998 fui à faculdade para ver notas, afinal, era final de semestre e queria logo entrar em férias. Olhei as notas e encontrei dois colegas que nunca tinha visto (era meu futuro marido e um amigo dele, que inclusive foi nosso padrinho de casamento mais tarde). Cumprimentamo-nos cordialmente e trocamos poucas palavras, mas foi ali no átrio do prédio da Faculdade de Direito de Passo Fundo que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Fiquei tão atrapalhada ao fixar meu olhar naqueles olhos verdes faiscantes pela primeira vez que não consegui assimilar o nome dele, acreditem, não conseguia lembrar o nome dele e dali em diante, nas conversas entre as amigas, ele foi 'batizado' de ‘Verdinho’, por conta da camisa verde que ele usava.


 

Engraçado que mesmo atordoada com a situação, não esqueço da roupa que eu estava: uma camiseta baby-look rosa pink e calça 'bailarina' preta (Senhor! Piedade!) e ele, garboso como sempre, estava vestido auto-esporte com a tão falada camisa verde xadrez, que até hoje tenho ela vívida em minha memória.

O tempo passou e não o vi mais por um longo período. Achei que ele fosse aqueles colegas de cidades do interior, que só vinham pra cá na hora das aulas e que cursasse no turno diverso ao meu, pois nunca o encontrei em nenhum local. Como para tudo tem o tempo certo, hoje sei que aquele momento não era o certo pra nós iniciarmos um relacionamento, ambos estávamos organizando nossas vidas para um futuro que acredito que já estava escrito pra nós e que nós sequer imaginávamos.

Em 29 de outubro de 1999 – quase um ano depois, quem diria que iríamos nos encontrar novamente! Era uma quinta-feira quente, saí da aula (cursava faculdade à noite) e eu uma amiga fomos dar uma ‘passadinha’ no Boca – point dos universitários da época. Ao chegarmos, assim que o vi, já senti aquela adrenalina. Eu, logicamente, não o tinha esquecido. Trocamos olhares, mas nada além disso. Como era quinta-feira e no dia seguinte eu teria de trabalhar cedo, às 23h eu ‘virava abóbora’, como costumávamos dizer. Ao sair, vi que ele me fez um gesto como que me dizendo que era cedo. Mas, fazer o que?!?

 

Frustrada, fui para casa e segui minha rotina corrida de estudante e estagiária, mas ele não me saía dos pensamentos. Afinal, agora eu sabia que poderia encontrá-lo novamente. Alguma coisa me dizia que não era só um colega charmoso e um simples flerte. 

 

Na tarde seguinte eu tinha meus compromissos de trabalho e um deles era de ir ao Fórum. Antes de ir, passei numa loja para fazer um favor para meu pai. Entrei na loja, deixei as mercadorias, falei com o vendedor e saí. Nem olhei para os lados. Nem vi quem mais estava na loja. Só se eu não me conhecesse, pois sou bem assim, sempre correndo e focada no que estou fazendo... mas, se eu tivesse dado uma olhadinha, teria o visto ali... bem pertinho de mim.

 

Chegando ao Fórum, fui resolver minhas coisas e uma delas dependia de ir no Posto da OAB pegar a movimentação de alguns processos. Sim. Ainda não existia pesquisa on line dos processos e tínhamos que pegar o movimento atualizado na OAB antes de nos dirigirmos às Varas. Foi a minha sorte e logo descobri que eu estava certa, nosso encontro não tinha sido uma simples paquera.

 

Eis que ele me viu na loja, obviamente, e foi atrás de mim até o Fórum e assim já realizava suas atividades profissionais também. Confesso que quando senti seu toque no meu ombro e o vi, mal acreditei e minhas pernas quase fraquejaram. Aproveitei os processos que eu tinha nos braços pra disfarçar o nervosismo. Sinto até um calor no peito hoje ao recordar esses detalhes, é incrível como sentimentos bons não abandonam nossas memórias.

 

Quando ele me perguntou ‘aonde vamos hoje’? Apesar de ter ouvido bem o ‘nós’, nem titubiei e respondi imediatamente que ‘acho que nós vamos no Boca novamente’! Ao que ele me respondeu ‘está bem, até à noite’! Que jeito mais estranho de marcar encontro, mas eu amei e saí dali com o coração aos pulos, até porque às vezes as coisas dão certo de um jeito estranho ou inesperado. Já comecei organizar meus horários: sair do escritório, ir pra casa, tomar banho, me arrumar, ir na aula, pegar minhas amigas e finalmente ir ao Boca! Haja cabeça pra trabalhar o resto da tarde. Saí do fórum e passei na loja que minha amiga trabalhava e já combinei tudo. Agora bastava segurar a ansiedade até às 22h30min que era o horário que terminava minha aula de sexta-feira. Ah, dessa aula da sexta-feira não lembro sequer a matéria, mas a voz dele conversando comigo no Fórum, o beijo leve no meu rosto, o seu perfume e os rumores das pessoas no entorno, isso sim, ecoam na minha cabeça até hoje!

 

Chegando ao Boca, já o avistei. Lembro tanto da roupa dele, quanto da minha. Ele, lindo e charmoso como sempre estava com uma calça de sarja azul marinho e camisa. Chiquérrimo e gato como sempre. Eu de saia vermelha e blusa branca, aproveitei colocar um salto altíssimo que eu amava. Sem saber, estávamos num grenal invertido! De certa forma, acho que acertei nas cores, pois agradei ao colorado que eu já estava apaixonada, e ele, sem saber, estava com as cores do time (grêmio) que hoje confesso que abandonei por amor.

 

Lá pelas tantas, ele veio à nossa mesa e conversamos, saímos dar uma volta e naquela noite foi nosso primeiro beijo. Não preciso dizer que depois dessa noite minha vida nunca mais foi a mesma, ou melhor, essa noite foi a primeira noite do resto da minha vida! Tudo que eu tinha no meu conceito de amor e paixão mudou ali. Parece piegas ou exagero, mas não é. Ali eu sabia que rumo minha vida teria.

 

Parece impossível, mas no momento em que eu não esperava encontrar ou conhecer alguém especial, eu conheci a pessoa mais incrível e especial que eu poderia imaginar e conheci o amor de uma forma que eu achava que não seria possível. Jamais imaginei que o amor seria um sentimento tão forte quanto o que sinto por ele.

 

Encontramo-nos várias vezes depois dessa noite, chegou o final do ano, ele se formou e a vida se encarregou de nos separar temporariamente. Ele foi morar na capital para fazer cursos de aperfeiçoamento e aprofundamento e eu continuei com a faculdade aqui em Passo Fundo, pois faltava ainda um semestre para eu me formar. Nossos sonhos profissionais estavam dando uma atrasada na nossa vida amorosa e dentre tantas expectativas de trabalho, sonhos, dúvidas e medos, eu só tinha uma certeza: de que eu já havia encontrado o homem da minha vida.

 

Foi um período bem difícil, com saudades, encontros e desencontros, mas em 04 de fevereiro de 2001, finalmente o destino nos colocou frente à frente e desse dia em diante não nos separamos mais.

 

Hoje olho para trás e vejo nossos 5 anos e 10 meses  de namoro, 10 meses de noivado e quase 14 anos de casamento como uma linda caminhada (faltam 4 dias para nosso aniversário de 14 anos de casamento – Bodas de Marfim - dia 24/11/2007).

 

Casei apaixonada pelo meu marido e continuo apaixonada. Aliás, estou cada dia mais apaixonada. O dia do nosso casamento foi o dia mais feliz da minha vida. Um dia só nosso, um dia para celebrar o amor verdadeiro, o nosso amor. Um amor sem cobranças ou obrigações. Um amor puro e verdadeiro, um sentimento que eu não sabia que poderia ser tão intenso.

 

Cada dia é uma alegria nova e construímos uma vida alicerçada no amor verdadeiro, companheirismo, amizade, cumplicidade, fidelidade e lealdade. Já pensei em fazer uma tatuagem em nossa homenagem – e olha que não sou simpatizante a tatuar o corpo, mas na verdade sei que nada que marcasse minha pele seria mais forte ou profundo que a marca que ele fez em minha alma. Sou completamente arrebatada por esse homem que há mais de vinte anos apareceu na minha vida. Destino? Talvez, mas só sei que só tenho a agradecer a Deus e a Nossa Senhora, por esse verdadeiro presente na minha vida.


segunda-feira, 26 de agosto de 2019

"A Noite", de Elie Wiesel


Quem acompanha o Blog já percebeu que eu amo livros e biografias que mexam com nossos sentimentos, que transmitam conhecimentos de fatos que nem sempre sabemos como realmente aconteceram.

Essa semana li mais um livro com o tema holocausto (sim, novamente esse tema pesado, mas sempre atual). Há muito tempo eu soube que havia um livro de Elie Wiesel – nobel da paz, que trazia todas as suas lembranças nos campos de concentração. Sim. Elie é um sobrevivente daquele horror causado pelo auge da insanidade humana. Porém, o livro está esgotado e somente agora consegui nos sebos do site ‘Estante Virtual’ (recomendo esse site, que é bem sério, os livros sempre chegam no prazo e em estado melhor do que a gente imagina). O livro que estou falando é “A Noite”.



Assim que o livro chegou eu não consegui deixa-lo ‘na fila’: tive que ler imediatamente. O livro é curto (cerca de 160 páginas), a linguagem é bem acessível, cativante e muitas vezes poética. É possível ler todo o livro em ‘uma sentada’ como costumo dizer, até porque o tema e a forma do autor escrever não nos permite largá-lo.

Dois trechos do livro "A Noite", de Elie Wiesel, que me chocaram foram a descrição das coisas que ele nunca esquecerá mesmo que viva para sempre e o outro foi a morte de todos sentimentos que haviam dentro dele, inclusive a morte da fé.


A parte que ele descreve as coisas que jamais esquecerá é de arrepiar e eu, que já comecei a chorar ao ler o prefácio, chorei novamente. Sempre que leio esse tipo de biografia me pergunto: Como puderam fazer isso? Como sobreviveram? Eu sobreviveria? A essa última pergunta sempre digo que não. Que eu não sobreviveria.

Quanto à fé... nesse tipo de relato sempre há a descrição da perda da fé. Mas eu insisto: sem a fé que eles juram que perderam, eu acredito que não sobreviveriam.

Cada livro que leio sobre o holocausto tem a 2ª Guerra Mundial como tema central, mas o enfoque é sempre diferente, cada autor tem sua visão, seus sentimentos, passou por seu próprio inferno e o descreve à sua maneira.

Quando me perguntam a respeito de livros desse tema eu falo que todos deveriam ler “Depois de Auschewitz”, de Eva Schloss (já falei sobre ele aqui, confira). Se é que é possível comparar os livros, e indicar apenas um, eu indicaria que lessem esse livro da Eva Schloss, pois, para mim, foi o mais detalhado e mais impactante. Quando eu o li, fiquei dias remoendo os fatos e a descrição é tão perfeita que me senti lá naquele horror todo, sentia até o cheiro que ela tanto falava.

O livro de Elie Wiesel – “A Noite” é maravilhoso, mas está esgotado. O livro mais famoso sobre esse tema, “O diário de Anne Frank, é muito bom, mas a linguagem é de uma menina de 14 anos e só relata a vivência dela e de sua família até serem capturados, pois, infelizmente, ela não sobreviveu para contar sua triste história.

Eu sei que esse tema é pesado e nos toca profundamente, mas não resisto. Precisamos conhecer os horrores da história para não permitir que se repita. Como eu já questionei no post do livro da Eva: ‘e se fosse hoje, será que seria diferente?’ Vemos todos os dias notícias de guerras, de fome, de tragédias pessoais... mas, nada é feito. Limitam-se a relatar e a culpar alguém. Lamentável.

Elie Wiesel infelizmente já nos deixou, mas sobreviveu àquele horror e deixou sua marca na história. Certamente o mundo que ele agora se encontra é muito melhor e mais justo do que o nosso. Aproveito esse post para agradecê-lo por todo trabalho social que realizou em vida e pelo legado que deixou, inclusive por essa sua maravilhosa obra.


quarta-feira, 20 de março de 2019

“O que Alice esqueceu”, de Liane Moriarty.





O que estamos esquecendo ou relegando a um segundo plano? Essa questão foi desafiadora para mim ao ler essa obra maravilhosa.

Adoro livros que nos fazem refletir e que nas entrelinhas nos trazem lições de vida. Liane Moriarty sempre nos faz parar para pensar e analisar nossas próprias vidas. A pergunta: ‘e se fosse comigo?’ sempre está presente em minha mente quando leio seus livros. Já li todas suas obras e todas são incríveis - essa não seria diferente. A leitura me prendeu do começo ao fim!

Alice, a protagonista, tinha uma vida feliz, mas quando um acidente na academia lhe causa uma amnésia toda sua vida vira do avesso e as peças não se encaixam - pois ela acorda dez anos antes! Imagine o que são dez anos de memórias esquecidas? Quantos acontecimentos? Quantos relacionamentos que mudaram? Quantos sentimentos para lidar e se adequar?

Nesse ponto da trama, impossível não parar e fazer uma análise pessoal. Pra mim foi assustador pensar que se uma amnésia igual à de Alice acontecesse comigo, nesse instante, seria terrível! Como agir? Como aceitar as mudanças e viver com elas de um minuto para o outro?

Imagine: eu estaria com pouco mais de um ano de casada, nesse período tínhamos familiares que hoje não temos mais nesse plano físico... Pense... Seria sofrer as perdas tudo de novo.

Há dez anos tínhamos relacionamentos com pessoas que depois se mostraram que não eram amigos de verdade e até a rotina profissional era diferente! Fizemos viagens que eu não teria a mínima recordação! Imagine ver as fotos e se perguntar como tudo aquilo poderia ter sido real?

A rotina do nosso dia-a-dia era completamente diferente de hoje! Eu sequer cozinhava todos os dias, cozinhava alguns dias da semana, mas todos os dias, não! Eu comia uma receita de negrinho todas as noites (hoje não mais!), teria de me ‘adaptar’ novamente! Fico pensando no sofrimento e no trabalho que toda essa adequação (que teria de ser imediata) traria!

Eu não fazia yoga, nem meditação! Teria que aprender tantas coisas novamente! Quantas pessoas eu conheci nessa última década, quantas coisas aprendi, mas não teria nenhuma recordação... Nossa, me deu até um cansaço só de pensar! Enfim, chega dos meus devaneios, principalmente porque é assustador!

A genialidade da escritora se torna evidente quando ela utiliza do acidente e da amnésia de Alice para nos fazer prestar atenção aos pequenos ‘esquecimentos’ diários que juntos foram alterando as relações familiares ao longo dos anos. Alice começa tentar descobrir o que aconteceu nesses dez anos para poder prosseguir com sua vida e percebe que ela própria atualmente é muito diferente daquela mulher de dez anos atrás e que sua família mudou bastante também.

O livro nos faz pensar no que realmente Alice esqueceu: na correria do dia-a-dia de uma mulher dedicada a várias funções, o que de importante mesmo Alice vinha esquecendo (ou deixando em segundo plano) antes do acidente na academia?

No contexto percebemos que detalhes da vida do casal e da vida familiar vinha sendo ‘esquecida’ por Alice e que o acidente ocorrido na academia (apesar de tortuoso) trouxe consciência para Alice e também a oportunidade de mudar e fazer melhor.

Na minha humilde análise, os pequenos cuidados diários que Alice vinha ‘esquecendo’, ou não dando tanta importância, foram muito mais determinantes às mudanças na vida de toda sua família do que a própria amnésia em si. Por isso, vejo que o livro deixou a dica de cuidarmos do que é nosso, de quem amamos, daquilo que realmente é importante pra nós e de não ‘esquecemos’ dos pequenos detalhes que na realidade são eles que fazem a nossa vida completa.

Liane Moriarty retrata a vida moderna com todas as nuances e problemas que todos nós vivemos, e ainda traz várias questões familiares muito importantes – relacionamentos não saudáveis entre familiares e entre amigos, relacionamento entre marido e mulher, cuidados com a casa e filhos, fazendo com que nós nos identifiquemos com a história e que, a partir desse olhar crítico, possamos cuidar de todos aqueles detalhes que fazem a diferença na nossa vida e daqueles que nos rodeiam.

Mais uma vez a escritora nos traz uma história de recomeços, mostrando que sempre é possível reavaliar nossas condutas para sermos mais felizes. Vale a reflexão: o que estamos esquecendo, deixando a desejar ou relegando a um segundo plano que poderia ser mudado para melhorar ainda mais a nossa vida?

Recomendo a leitura, não só desta obra, mas de todos os livros da Liane Moriarty por sempre fazerem com que nosso olhar se volte a questões que pareciam estar ocultas e que nem nos dávamos conta que existiam.

Boa leitura!

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

"O Segredo de Helena", de Lucinda Riley - um passeio delicioso por Chipre!



Não é a toa que Lucinda Riley vendeu mais de 12 milhões de exemplares de seus livros em todo o mundo. A cada história uma nova viagem e novas emoções sempre muito bem lastreadas no tempo e no espaço nos fazem curtir desde o primeiro minuto de leitura.

“O Segredo de Helena” trata de relações familiares que atravessam gerações. Adoro romances épicos intercalados com acontecimentos reais e atuais e fiquei completamente arrebatada por esse livro desde o início – como de costume!

Já nas primeiras páginas, quando Helena descreve Pandora, eu já queria pedir licença e sentar num cantinho daquela casa e ficar ali! O cenário é incrível e a descrição de Lucinda é tão precisa que até o clima a gente consegue sentir! Cheguei a sonhar com o livro... Delicioso!

Helena tem segredos que a vida fez com que ela os guardasse para que pudesse viver, mas ao retornar à casa que herdou de seu padrinho no Chipre – cercada por Oliveiras e pelo Mediterrâneo, junto com seus familiares e alguns amigos, a verdade começa a aparecer. Enquanto os segredos começam a aflorar, o enredo e os acontecimentos naquele cenário incrível vão nos envolvendo de uma maneira tão encantadora como só Lucinda sabe nos conduzir.

Os segredos que ao final são revelados, na verdade libertam Helena para uma vida plena e cheia de amor, sem medos ou inseguranças. As mudanças são necessárias, mas com habilidade, Lucinda conduz a história por caminhos deliciosos que não poderiam ter melhor desfecho.

Os livros de Lucinda me encantam pelo lúdico, mas, o que me arrebatam é a mensagem que nos passam. Lucinda sempre consegue trazer uma mensagem de tranquilidade e que tudo tem solução – um sentimento de paz que é sempre muito bom sentir.

Mais uma vez eu recomendo essa maravilhosa obra de Lucinda Riley por ser mais uma daquelas obras que nos fazem sonhar!

Boa leitura!

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Passeio pela Índia, seus costumes e tradições... um romance lindo de Dinah Jefferies

“Antes da Tempestade", de Dinah Jefferies


Tenho um fascínio especial pela Índia, sua arte, história, costumes, religiosidade e tradição. Adoro e me instiga todo aquele universo rígido e cheio de rituais. Esse livro nos convida a um belo passeio por esse país incrível.

Com o estilo leve e bem descritivo da autora, que ela já demonstrou em sua outra obra imperdível – “O perfume da folha de chá” (clique aqui para acessar o post), impossível não se colocar no lugar dos personagens dessa história encantadora: um romance lindo que desafiou regras e tradições. 

Eu sempre me vejo nos enredos dos livros que leio. Parece loucura, ou bobagem até, mas sempre me penso em que núcleo eu estaria, onde eu me encaixaria, como eu agiria nas situações apresentadas. Sempre vou projetando as ações e reações, principalmente, nos romances! Sou uma apaixonada incurável, não adianta.


Quando Eliza – a inglesa, descobre que o seu amado Jay – o príncipe indiano, já a conhecia desde a infância, me arrepiei. Como não viajar e trazer essas coincidências das obras de ficção para a nossa vida real? Lógico que já me transportei na história... lembrei do fato de que minha mãe quando estava me gestando foi professora do meu marido na pré-escola. Eu sei que não tem importância nenhuma isso e até parece bobagem, mas eu, como eterna apaixonada e a louca por histórias de amor, já me encantei!

Fiquei divagando que o destino das pessoas está entrelaçado e escrito desde muito tempo. Voltando ao caso do livro, restou bem claro que a história de Jay e Eliza estava predestinada, era pra eles resgatarem aquela vivência infantil e outras coisas mais.

Seguindo a história, quando a mãe do príncipe - a Marani, diz à Eliza que ‘lá na Índia, os casamentos nada tem a ver com romance e sim são uma estratégia que melhore a sorte e a condição de suas famílias’, foi um banho de água fria no meu entusiasmo. Claro, o romance ‘proibido’ não seria tão fácil e simples assim.

Mas, a partir daí a história ganhou uma força a mais, pois agora eu queria saber como eles fariam pra driblar essa dificuldade, afinal, a inglesa viúva seria aceita pela realeza indiana?
As viúvas não são bem vistas na Índia, elas representam a desonra de sobreviver ao marido, como se a vida do marido dependesse do sucesso dos cuidados da esposa apenas.

Esse comportamento, com relação às viúvas, descrito no livro não me chocou, pois eu já tinha lido muitas obras que retratam bem essa questão, mas mesmo assim, é triste saber que a mulher tem apenas a finalidade estar ao lado do marido e de cuidá-lo, sendo que na sua falta, ela deverá ser queimada ou até devolvida para sua família raiz.

Lá na Índia, as mulheres, de um modo geral, não são vistas com igualdade aos homens. Em várias passagens do livro a gente sente que o pensamento dos indianos – e inclusive da Marani, é de que ‘todas as mulheres estão à procura de um marido’. A crítica social é grande no sentido de mencionar várias vezes que as mulheres não devem trabalhar e casar. Mulher é apenas para cuidar da vida da família.

Além disso, as mulheres teriam como dever cuidar do casamento, mas os homens podem ter concubinas. As traições, portanto, faziam parte do jogo.

A obra não é triste e esses detalhes culturais são necessários para nos ambientarmos no tempo e no espaço onde a história é contada. Além disso, a forma poética como a escritora nos envolve com o enredo é deliciosa, quando ela traz ‘o perfume do deserto pela manhã’ a gente pensa que se inspirar mais profundamente irá sentir!

Outra parte do livro que me deixou um pouco apreensiva, mas, repito, era indispensável para a ambientação, é descrição da pobreza e do modo com que o povo vive. Por outro lado, também traz a descrição da riqueza, das joias, das roupas, dos xales de seda bordados a ouro... é um livro muito rico de detalhes que nos fazem perceber os meandros da vida na Índia.

Numa cultura em que prega que uma mulher que se envolve com um homem é aplicada pena de morte e que nenhuma mulher no palácio ousaria mostrar o rosto a um homem que não o seu marido, foi difícil para nossa protagonista se adequar às regras e viver o romance recém iniciado com o príncipe. Aliás, estava difícil até o dia-a-dia como fotógrafa, pois até para andar pelo palácio precisava de companhia e se sentia vigiada.

O livro além de contar uma história linda, nos faz refletir sobre o destino e sobre os costumes e tradições seculares. Quem determina nosso futuro? Nossas ações, ou já há algo pré-determinado? E as tradições? Devem ser modernizadas ou devem ser mantidas? As noções de carma afetando o futuro, seja nessa vida, ou na próxima, é algo que também nos faz pensar.

Leitura super gostosa, leve e apaixonante! Recomendo!

terça-feira, 12 de junho de 2018

"Provence", de Bridget Asher: uma história de amor e de recomeços


Quando eu li a sinopse desse livro já fiquei interessada e ao ver a capa então, fiquei apaixonada! Lindo demais! Ao ler a obra... fiquei fascinada e comecei a ‘economizar’ o livro pra viver mais tempo naquele clima delicioso!

A vida de Heidi se resumia em manter viva a memória de seu marido Henry, bom pai e marido exemplar. Tudo que ela fazia era para preservar a sua memória e de certa forma me parecia que ela tentava incluí-lo em todas suas atividades, como se ele ainda estivesse vivo.

O livro é apaixonante e traz passagens que são dignas de parar a leitura pra respirar e curtir o momento:

“Não era um casamento. Era amor. Algumas pessoas conseguem um ou outro. Já outras conseguem os dois ao mesmo tempo.”

Manter a vida normal e igual ao período que Henry estava vivo estava cada vez mais impossível e era necessário enfrentar a vida real e ajudar seu filho com a mania de limpeza que se manifestou. Ao aceitar que algo muito importante mudou em suas vidas e que era preciso seguir com a vida, Heidi conseguiu não só se ajudar, mas ajudar ao seu filho e a sobrinha Charlotte, que sempre fora problemática.

Porém para que Heidi pudesse enxergar que a vida continuavae que poderia ser bela, apesar da ausência de Henry, foi preciso dar chance ao inesperado – o que só aconteceu quando aceitou viajar para a casa da família em Provence, na França. Nessa casa muitas histórias de amor se revelaram e surpreendentes coincidências foram se abrindo.

Essa viagem, que de início pareceu ser um problema pra Heidi, visto que ela teria grandes obras a fazer, se revelou numa agradável evolução pessoal. Essa obra é uma história de recomeço, amor e esperança diante da perda, em que uma pequena casa na zona rural do sul da França parece ser a responsável por curar corações partidos há anos.

O enredo nos faz refletir sobre as perdas, mudanças e medos em nossas vidas. Sabemos que as mudanças são as únicas certezas em nossas vidas, mas como aceitá-las? Como agir frente a uma perda, ainda mais quando muda completamente nossas vidas? Sabemos que é importante reagir e enfrentar, mas na hora, ficamos paralisados. Talvez pelo medo do desconhecido ou até mesmo pela insegurança do que virá.

Não que eu reaja bem e aceite facilmente as mudanças – bem pelo contrário. Detesto mudanças e sofro com isso. Até mesmo um jantar desmarcado já me tirou do sério, mas tento aprender dia após dia.

Todas as leituras edificantes que tenho feito ao longo de minha vida têm me feito refletir muito sobre isso. Nada é para sempre e a vida é em ciclos. Um ciclo não é melhor nem pior que o outro, é apenas diferente. Não podemos deixar os medos nos paralisarem, eles devem ser alertas para termos cuidado e agir com coragem e determinação.

Precisamos estar abertos e dispostos a nos adaptar. A vida é bela em todas suas fases, com todas suas nuances. Além disso, o que parece ruim a um primeiro olhar, pode ser, e na maioria das vezes é, uma grande chance de recomeço que se revela uma fase melhor ainda do que a de antes!

Livro maravilhoso que eu recomendo!


sexta-feira, 25 de maio de 2018

Fé ou Ciência?


Já faz algum tempo que li “Origem”, de Dan Brown. Eu comprei logo que foi lançado e li logo em seguida, pois adoro o estilo ágil e com conteúdo baseado em pesquisas históricas que ele utiliza. Porém, admito: não foi meu livro preferido, mas achei muito válidas as dúvidas que ele provoca.

Adoro os questionamentos que Dan nos propõe. Suas pesquisas nos envolvem e nos fazem pensar o mundo de outro jeito, a história sob outro prisma. As perguntas que ele sugere nessa obra a respeito da nossa origem e do nosso destino (de onde viemos? para onde vamos?) são muito interessantes, mas, um pouco angustiantes (ao menos pra mim). Talvez por mexer numa seara de crenças e fé, ficou um pouco difícil pra eu aceitar a criação do mundo sem Deus e abraçar a ciência como única causadora da vida. Pra mim, particularmente, até a ciência depende de Deus – mas isso é opinião minha.

Me fascina o modo de Dan Brown escrever, pois para contar sua história, e questionar a nossa história ele nos leva por uma viagem maravilhosa. Sempre se utiliza de destinos lindos - dessa vez foi a Espanha, começando com o Museu Guggenheim de Bilbao, depois Barcelona. Numa mistura de fatos históricos ocultos, extremismo religioso, obras de arte moderna e símbolos, a obra é ótima e nos prende pelo desejo da descoberta que parece que mudará nossas vidas e responderá todas nossas perguntas.

Com um enredo que promete desvendar os segredos da nossa origem e da nossa existência, a obra nos envolve do começo ao fim como sempre - bem ao estilo de Dan Brown! Eu não consegui largar o livro até chegar ao final. Porém, quando achei que uma grande resposta colocaria fim às perguntas fundamentais da existência humana que durante toda obra afloram em nosso íntimo, fiquei um pouco frustrada.

Achei as ‘respostas’ um pouco controversas e incapazes de fazer mudar tudo que já sabemos a respeito de religião e ciência (não vou contar o deslinde da história). Além disso, pra quem tem fé será um pouco difícil aceitar totalmente a teoria apresentada pelo futurólogo Edmond Kirsch – aluno de Robert Langdon. Como já mencionei, acredito que até a ciência depende do Criador.

O que mais me deixou cautelosa (e até mesmo, temerosa) foi a demonstração de como a ciência e a tecnologia têm tomado uma dimensão enorme em nossas vidas – e como cada vez será ainda maior. O cenário trazido nessa obra me pareceu que, num futuro próximo, o mundo será pouco amoroso, nada acolhedor e totalmente regido por máquinas e inteligência artificial – o que vai de encontro com tudo que acredito, ou seja, que sem amor, empatia e humanidade não teremos progresso e sim destruição.

Para mim, a revelação não foi uma grande descoberta que mudará para sempre o papel da ciência. Acho que mesmo que tais descobertas sejam reais, nada muda o papel de Deus – ao menos para mim.

Eu não consigo imaginar outro modo de origem da vida sem o Criador. Talvez pela minha fé eu não consiga, sequer, vislumbrar isso, mas não pensem que eu sou uma religiosa fanática fechada ao debate. Sou Cristã ‘comum’, o que quero dizer que não sou estudiosa das religiões, nem praticante fervorosa. Tenho minha fé e acredito mesmo que sem fé nada somos. Porém, respeito todos pontos de vista e professo minha fé e minha crença do meu jeito, com amor e respeito. Acredito que Deus é um só, mesmo que mude a religião. Penso mais ou menos assim: não importa o caminho (religião), Deus é o destino de amor. Sou católica, frequento espiritismo e sou yogue simpatizante do budismo.  Acredito que o importante é fazermos o bem e nos sentirmos bem.

Apesar de todas essas colocações, friso que a obra de Dan Brown é daquelas imperdíveis. Ele mantém seu estilo delicioso, culto e eletrizante, nos convida a questionamentos importantes e que nos fazem pensar no mundo, na fé, na religião e na ciência. Recomendo!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Amor pelos livros 'de' história 'com' história: "O Retrato", de Charlie Lovett


Um livro feito para aqueles que amam os livros” – essa frase está na contracapa do livro “O Retrato”, de Charlie Lovett e nunca foi uma frase tão apropriada.

Logo que iniciei a leitura pensei: “esse livro é para quem ama os livros e os estuda”, pois a quantidade de fatos históricos envolvendo Shakespeare, inúmeras datas e alusão a documentos históricos eram tamanhas que pensei que seria mais uma leitura técnica do que aquelas que são minhas preferidas: romances com pano de fundo uma história real.

Porém, eu estava enganada e o livro se revelou exatamente – ou ainda mais, do que eu esperava: um romance lindo com uma história real como base. 

O romance de Peter e Amanda é de aquecer o coração e algumas frases são de parar a leitura para poder absorvê-las. Claro que Shakespeare inspirando dispensa comentários, mas impossível não adorar ler algo tão amoroso: 

Chama-me de amor, e serei rebatizado...”

A obra me arrebatou e eu tentei ‘economizar’ o livro para viver mais tempo com aquela história de amor – tanto do amor de Peter e Amanda, quanto o amor deles com os livros.

Outro fato que me encantou profundamente é que eu me reconheci em algumas passagens. Peter é vendedor de livros e sonhava em encontrar o ‘Santo Graal’ dos livros, ou seja, um livro que sequer se sabia da sua existência. Claro que não tenho essa pretensão, mas gosto de guardar e cuidar dos meus livros, sou bem exigente com o cuidado e manuseio deles... sem contar nas primeiras edições e livros autografados, que reluto em emprestar. Além disso, há uma passagem que Peter restaura uma obra que eu fiquei completamente absorta e querendo aprender essa técnica tão delicada.

Em um trecho em especial, Peter desiste de vender os volumes de livros raros que encontrou. Os compra e doa em memória de sua esposa para a Sala Devereaux (nome da sala em homenagem à avó de Amanda) – entendi perfeitamente esse gesto, pois já perdi as contas de quantos livros que já li há anos, mas agora os encontro em sebos e sinto uma necessidade de adquiri-los para tê-los na minha biblioteca. Só quem ama livros vai me compreender!

A leitura me prendeu até o final e o amor aos livros ‘de’ história, ‘com’ história - já que a obra gira em torno de livros raros, autenticação e conservação deles me emocionou. Penso exatamente como o protagonista Peter: 

“...é minha paixão. Sei que pode parecer bobagem para algumas pessoas, mas é a maneira como quero mudar o mundo. Unir livros e pessoas que vão amá-los e preservá-los para a próxima geração.”

Adorei essa obra e recomendo. Incrível como o amor e a cumplicidade de Peter e Amanda perdura mesmo após a morte de Amanda. A dedicação dele com as obras raras o salva da tristeza e nos leva a uma fascinante viagem nesse mundo encantador. Com uma dose de suspense viajamos junto com Peter e aprendemos muito sobre esse mundo delicioso dos livros.


terça-feira, 8 de maio de 2018

Lya Luft, 'Perdas e Ganhos'

Acabei de ler um livro maravilhoso da Lya Luft: ‘Perdas e Ganhos’ e com ele tenho me questionado várias coisas... vários sentimentos, várias atitudes e relações. O livro não contém crônicas, nem é de ficção, é uma ‘conversa autobiográfica’ e poderia ser uma espécie de manual de respeito a si mesmo e aos  outros.

Num relato limpo, simples e tocante, Lya Luft nos convida a pensar nos comportamentos que temos, na busca da felicidade a qualquer custo, na passagem do tempo, na chegada da velhice, da adaptação da nossa vida às diversas fases que vivemos, em tudo que ganhamos e que perdemos na caminhada chamada vida. Nos faz perceber que perder nem sempre é ruim, sempre se ganha algo em troca, nem que seja aprendizado e amadurecimento. A obra é um brinde ao amadurecimento consciente, sem pudores, muito respeito e com bom senso.

Essa leitura me fez pensar no comportamento das pessoas, no jeito como conduzem suas vidas, como se expõem através da internet, como tratam os demais e por aí vai. Será que as pessoas acham bonito, ou até invejável, aquilo que publicam nas redes sociais? Fotos fazendo biquinho, ou com expressão sexy, ou de horror, ou sei lá de que sentimento, só para chocar?

Na verdade a autoestima da gente tem que ser elevada, e o amor próprio é o único amor incondicional, mas daí passar a publicar fotos ridículas, com legendas ainda mais idiotas? Aí não, né? Um pouco de consciência e bom senso não faz mal pra ninguém.

Sem me fazer de rogada: adoro compartilhar fotos nas redes sociais, mas estou falando daquelas publicações que são apenas exibicionismo, em que o número de ‘curtidas’ é o que interessa! Adoro publicações simples do dia-a-dia, comidas, passeios, observações, enfim, simplicidades do cotidiano. Acho que elas espelham a nossa vida não só porque publicamos quase tudo que estamos fazendo, mas porque nelas ‘seguimos’, ‘curtimos’, falamos da gente e daquilo que sentimos. Penso que as redes sociais revelam quem realmente somos.

Quando deletamos ou bloqueamos alguém nas redes sociais isso significa que tiramos essa pessoa da nossa 'vida real'. Seja pelo motivo que for, tudo está interligado, por isso vejo que as falsidades nessas tecnologias também demonstram o verdadeiro caráter das pessoas. Penso que as redes sociais são um ótimo termômetro da índole do ser humano, são um espelho da nossa vida. O que convém, de que forma e em que momento convém!

E os demais comportamentos? Mentir, enganar, ter preconceito, grosserias, falta de respeito e educação... a que ponto chegamos: usamos pessoas para satisfação do ego.

Cuidado com aquelas pessoas que se intitulam amigos, mas só ‘nos usam’, que só lembram-se da gente quando precisam. Amizade é troca, nunca abuso. Amizade é verdade, nunca mentira.

Publiquem o que quiserem, afinal as redes sociais são suas, mas reflitam: será que o que você está publicando não está denegrindo sua própria imagem? Não seja pretensioso! Simplicidade é a chave da felicidade. Seja verdadeiro e leal em suas relações, isso faz bem pra você mesmo em primeiro lugar.

O menos é mais. Respeitar todas as fases da vida é indispensável. Se expor com comportamentos reprováveis só traz tristeza e solidão. A palavra chave é amadurecimento...  da alma, principalmente!

Ser feliz é simples e não precisa de plateia.