“Antes
da Tempestade", de Dinah Jefferies
Tenho
um fascínio especial pela Índia, sua arte, história, costumes, religiosidade e
tradição. Adoro e me instiga todo aquele universo rígido e cheio de rituais. Esse
livro nos convida a um belo passeio por esse país incrível.
Com
o estilo leve e bem descritivo da autora, que ela já demonstrou em sua outra
obra imperdível – “O perfume da folha de chá” (clique aqui para acessar o post), impossível não se colocar no lugar dos personagens dessa história
encantadora: um romance lindo que desafiou regras e tradições.
Eu sempre me vejo nos enredos dos livros que leio. Parece loucura, ou bobagem até, mas sempre me penso em que núcleo eu estaria, onde eu me encaixaria, como eu agiria nas situações apresentadas. Sempre vou projetando as ações e reações, principalmente, nos romances! Sou uma apaixonada incurável, não adianta.
Eu sempre me vejo nos enredos dos livros que leio. Parece loucura, ou bobagem até, mas sempre me penso em que núcleo eu estaria, onde eu me encaixaria, como eu agiria nas situações apresentadas. Sempre vou projetando as ações e reações, principalmente, nos romances! Sou uma apaixonada incurável, não adianta.
Quando
Eliza – a inglesa, descobre que o seu
amado Jay – o príncipe indiano, já a
conhecia desde a infância, me arrepiei. Como não viajar e trazer essas
coincidências das obras de ficção para a nossa vida real? Lógico que já me
transportei na história... lembrei do fato de que minha mãe quando estava me
gestando foi professora do meu marido na pré-escola. Eu sei que não tem
importância nenhuma isso e até parece bobagem, mas eu, como eterna apaixonada e
a louca por histórias de amor, já me encantei!
Fiquei
divagando que o destino das pessoas está entrelaçado e escrito desde muito
tempo. Voltando ao caso do livro, restou bem claro que a história de Jay e Eliza estava predestinada, era pra eles resgatarem aquela vivência
infantil e outras coisas mais.
Seguindo
a história, quando a mãe do príncipe - a Marani, diz à Eliza que ‘lá na Índia, os casamentos nada tem a ver com romance e
sim são uma estratégia que melhore a sorte e a condição de suas famílias’, foi
um banho de água fria no meu entusiasmo. Claro, o romance ‘proibido’ não seria
tão fácil e simples assim.
Mas, a partir daí a história ganhou uma força a mais, pois agora eu queria saber como
eles fariam pra driblar essa dificuldade, afinal, a inglesa viúva seria aceita
pela realeza indiana?
As
viúvas não são bem vistas na Índia, elas representam a desonra de sobreviver ao
marido, como se a vida do marido dependesse do sucesso dos cuidados da esposa
apenas.
Esse
comportamento, com relação às viúvas, descrito no livro não me chocou, pois eu já
tinha lido muitas obras que retratam bem essa questão, mas mesmo assim, é
triste saber que a mulher tem apenas a finalidade estar ao lado do marido e de
cuidá-lo, sendo que na sua falta, ela deverá ser queimada ou até devolvida para
sua família raiz.
Lá
na Índia, as mulheres, de um modo geral, não são vistas com igualdade aos homens.
Em várias passagens do livro a gente sente que o pensamento dos indianos – e
inclusive da Marani, é de que ‘todas as mulheres estão à procura de um marido’.
A crítica social é grande no sentido de mencionar várias vezes que as mulheres
não devem trabalhar e casar. Mulher é apenas para cuidar da vida da família.
Além
disso, as mulheres teriam como dever cuidar do casamento, mas os homens podem
ter concubinas. As traições, portanto, faziam parte do jogo.
A
obra não é triste e esses detalhes culturais são necessários para nos
ambientarmos no tempo e no espaço onde a história é contada. Além disso, a forma poética
como a escritora nos envolve com o enredo é deliciosa, quando ela traz ‘o
perfume do deserto pela manhã’ a gente pensa que se inspirar mais profundamente
irá sentir!
Outra
parte do livro que me deixou um pouco apreensiva, mas, repito, era
indispensável para a ambientação, é descrição da pobreza e do modo com que o
povo vive. Por outro lado, também traz a descrição da riqueza, das joias, das
roupas, dos xales de seda bordados a ouro... é um livro muito rico de detalhes
que nos fazem perceber os meandros da vida na Índia.
Numa
cultura em que prega que uma mulher que se envolve com um homem é aplicada pena
de morte e que nenhuma mulher no palácio ousaria mostrar o rosto a um homem que
não o seu marido, foi difícil para nossa protagonista se adequar às regras e
viver o romance recém iniciado com o príncipe. Aliás, estava difícil até o
dia-a-dia como fotógrafa, pois até para andar pelo palácio precisava de
companhia e se sentia vigiada.
O
livro além de contar uma história linda, nos faz refletir sobre o destino e
sobre os costumes e tradições seculares. Quem determina nosso futuro? Nossas
ações, ou já há algo pré-determinado? E as tradições? Devem ser modernizadas ou
devem ser mantidas? As noções de carma afetando o futuro, seja nessa vida, ou
na próxima, é algo que também nos faz pensar.
Leitura
super gostosa, leve e apaixonante! Recomendo!
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