sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Dica de leitura: “A Cicatriz de David”, de Susan Abulhawa

Sabemos que Israel e Palestina vivem em conflito, mas quantos de nós sabemos e compreendemos os motivos ideológicos, políticos, filosóficos e religiosos? Eu sempre ouço falar, sei dos conflitos intermináveis, mas meu conhecimento não é profundo e, hoje, não tenho condições de fazer um juízo de valor. Sempre imaginei que teriam os horrores de guerra, mas nunca tinha visualizado e, na verdade, nem pensado claramente sobre isso.

A leitura desse livro, além de abrir a discussão em mim sobre esse conflito e a curiosidade a respeito da história, me trouxe momentos de intensa emoção. O livro é muito bem escrito e nos prende do início ao fim. Apesar da narrativa não ser linear, a gente não se perde e a história flui de maneira clara e enérgica.

'A cicatriz de David' é o testemunho da história de uma família palestina, cujo cenário é o conflito palestino-israelense. A escritora, cansada de tantas notícias tendenciosas a respeito de seu povo, resolveu escrever esse livro para contar sua história, e sua visão, nos fazendo refletir sobre os motivos de tanta disputa.

O livro narra a história da família palestina de Dalia e Hassan que vê seu destino mudar com a criação do Estado de Israel após o holocausto. Ismael, um dos filhos do casal, marcado por uma cicatriz no rosto, é raptado por um casal israelense maculado pelo holocausto. Ismael é então chamado de David e é criado como judeu, ignorando suas origens e desprezando os árabes. Enquanto isso, os membros de sua família biológica são expulsos das terras e enviados para um campo de refugiados.

A partir de então, os filhos sobreviventes da família dizimada, Amal e Youssef, contam a saga de sua família e a história dos palestinos durante os conflitos com os israelenses. A história tem muitas passagens tristes e emocionantes também, contando da infância à maturidade dos irmãos, os temores e as alegrias de uma vida que valoriza as pequenas coisas e a esperança tem o valor de uma conquista. A obra é ótima e nos traz reflexões profundas, nos fazendo valorizar aquilo que realmente é importante: o amor, a vida e o respeito.

Como eu já mencionei antes, não tenho condições de me posicionar, nem de tecer comentários a respeito dos conflitos (mas já estou buscando me inteirar e conhecer mais desse assunto), porém, penso que por mais razão que um dos povos tenha, não tem o direito de matar e torturar pessoas. A violência nunca é a solução. Será utopia crer que ambos os povos podem coexistir em paz? Será impossível haver respeito às ideologias e haver convivência pacífica? Gostaria muito de dizer que sim, mas a história vem mostrando há séculos que essa briga está longe de findar.

Desejo que esse triste capítulo termine e ambos os povos vivam em harmonia e paz, pois é muito triste ver que pós-holocausto as barbáries continuam e, pelo visto, não há previsão de solução. Lamento toda essa situação.

Recomendo a leitura e já alerto: você vai querer saber mais sobre mais esse capítulo triste da história mundial.


Boa leitura!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Receita de Bolinho de Bacalhau sem batata!

Particularmente eu adoro petiscos. Ainda mais com o verão chegando, nada melhor do que comidinhas apetitosas para saborear entre amigos!

Essa semana testei uma receita de bolinho de bacalhau sem batata que eu vi o Olivier Anquier fazer! Isso mesmo, bolinho de bacalhau sem batata!

Talvez essa receita não renda tanto como a receita que vai batata, mas ao menos essa receita você sente bem o bacalhau (não ficam aqueles bolinhos que são 'pura batata' e o bacalhau 'só passou perto'!). Além disso, o bolinho fica bem sequinho e leve! Uma verdadeira delícia!! Prove! Segue a receita com as minhas adaptações!

Bolinho de Bacalhau sem batata
Ingredientes:

• 1kg de bacalhau dessalgado e desfiado
• 300g de farinha de trigo
• 3 ovos (claras em neve)
• 1 cebola picadinha
• 1 pimenta dedo de moça (usei pimenta vermelha)
• sal (a gosto)
• pimenta do reino (a gosto)
• 1/2 limão siciliano
• 50 ml de azeite (de oliva)
• salsinha
• 5g de bicarbonato de sódio

Desfie o bacalhau já dessalgado e reserve.
Em um recipiente, prepare a massa: coloque a farinha, 
o bicarbonato, o sal e a pimenta do reino. 
Acrescente água (a olho) aos poucos até que fique com uma 
consistência pastosa. 
Junte as gemas e as claras em neve.
Pique a cebola, a salsa e a pimenta e divida entre os 
recipientes (metade na massa e metade no bacalhau). 
Deixe a massa descansar por uma hora.
No bacalhau, misture ainda o azeite e o suco do limão.
Misture aos poucos a massa ao bacalhau, mexendo devagar, 
até que tome a consistência necessária para fazer os 
bolinhos (pode ser que você não precise usar toda a massa).

Com o auxilio de duas colheres de sopa,vá formando os bolinhos e 
frite em óleo bem quente.

Espero que gostem! Essa receita rendeu cerca de 40 bolinhos!
Bom apetite!

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dica de leitura: “Os cães nunca deixam de amar”, de Teresa Rhyne.

Essa dica de leitura é ótima – modéstia parte! Sabe aquele livro que não conseguimos largar? Então, esse livro é desse tipo!

 

O título original dessa obra era "The dog lived, and I will" (com tradução livre: "O cão sobreviveu e eu também sobreviverei") então por aí você já pode imaginar que bela história está por vir.

Esse livro conta a emocionante história real de Teresa, seu cão beagle Seamus e dois diagnósticos terríveis.

Teresa, com namorado novo, casa nova, escritório novo e todos acontecimentos em torno disso se depara com o diagnóstico  de um tumor maligno em seu cãozinho.

A partir de então o livro conta toda a saga do tratamento de Seamus e suas “diabruras”, pois mesmo doente ele não deixa de aquecer o coração de todos com sua energia e amor canino.

O cachorrinho dá uma aula de força e coragem – o que preparou Teresa a enfrentar e vencer um câncer de mama posteriormente.

Porém, não pense que o relato é triste e devastador. Ao contrário de ser um relato pesado e triste, é um relato real com todas as facetas que essa doença terrível apresenta, mas o livro não deixa uma imagem de tristeza e sim uma mensagem de otimismo, que se pode vencer. O livro é divertido e edificante, com passagens hilárias e surpresas deliciosas!

Lógico que em alguns momentos a descrição dos fatos é triste – o que é inevitável, mas a realidade e simplicidade do enredo nos prendem e nos enche de esperança. A forma como a escritora conduz a história é muito legal.

Recomendo a leitura até para os mais “chorões”, pois é uma valorosa história de superação e amor.

Boa leitura!!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Publicações da Editora Belas Letras

Há alguns dias publiquei aqui no blog um post sobre o livro “Tempos Felizes”, de Gilmar Marcílio. Eu conheci as obras desse escritor somente agora, mas você pode ter conhecido esse talento há bastante tempo. Eu realmente fiquei muito impressionada com tudo que li dele, suas obras são maravilhosas, com uma carga emocional e com ensinamentos para toda a vida.

Como já mencionei, o primeiro livro que li dele foi “Tempos Felizes”, mas depois do grande aprendizado que tive com suas palavras, não sosseguei até ler todos os demais livros publicados.

A Editora Belas Letras publicou todos os livros desse escritor: “O Mundo é o Que é”, “A Vida sem Manchete”, “Querer sem Medida” (além do “Tempos Felizes”). Minha opinião é de que um livro é melhor do que o outro e a edição da Editora Belas Letras é encantadora!



Quanto ao livro “Tempos Felizes”, não vou me alongar, pois já publiquei minhas observações. O livro tem mensagens edificantes para toda a vida. Veja aqui o post já publicado: http://pimentapimenta.blogspot.com.br/2014/06/dica-de-livro-tempos-felizes-gilmar.html


"Não sonho com as horas que passaram, com as horas mortas. Gosto do presente que me visita e faz com que eu queira distribuir abraços a perder de vista. Aprendi a trabalhar por dentro e por fora para tornar as paredes que me sustentam mais fortes. Meu tempo certo aconteceu um pouco tarde. Mas os machucados que descobri em mim são superficiais. Posso ser meu médico e promover a cura. Só que, às vezes, eu sonho em nascer de novo, abandonando a culpa do que não tive coragem de fazer. Porém, ainda carrego a leveza na ponta dos dedos. Numa página que não esqueço, li que mais importante do que descobrir se há vida depois da morte, é descobrir se há vida antes da morte. Farejo. Investigo. Procuro. Não quero mais recolher a alma antes das cinco da manhã." (contracapa do livro "Tempos Felizes")


O livro “O Mundo é o Que é” traz crônicas sobre o dia-a-dia, mostra-nos a ver o mundo não só como o vemos, mas de diversos pontos de vista e fugindo das idéias fáceis e comuns. Mensagens de bem-viver, de respeito e educação.


"Admiração exige disciplina, lembrança continuada de que é preciso manter vivo o que nos sustenta. Gosto de ler poemas. Sempre. Quando um verso me emociona, não consigo deixar de dividi-lo com quem imagino que também vá apreciá-lo. A sensação da partilha amplia o quinhão da beleza. Dar palavras me parece mais importante do que dar um par de sapatos ou uma camiseta nova. E sempre é possível fazer algo inusitado por quem está próximo. Basta não estar distraído. Não é preciso muito dinheiro e nem muita criatividade. Há que se estar disponível, apenas. Se não nos permitirmos esses rompantes amorosos, nada mais fazemos do que burocratizar as relações. É sabido que o tempo rói vorazmente tudo que está ao seu alcance. Mas há de ser possível armar alguns estratagemas para que ele não carregue tudo consigo. Se um espesso véu encobre a percepção do que roça a palma da nossa mão, ainda assim podemos nos embriagar de contentamento com o que está em nós há muitos anos. A palavra mirar, focar os olhos, colocar sob nossa mira, pode ressuscitar o que agoniza." (contracapa do livro "O Mundo é o Que é")


A Vida sem Manchete” é mais uma obra incrível que desperta sentimentos com relação aos momentos mais simples da vida. A percepção da alma humana, com um toque de filosofia nos faz perceber que a felicidade é aquilo que nos toca, independente da sua ‘grandeza’ e que para vê-la basta estar disposto e de coração aberto.


"Começou numa segunda-feira comum, nem era primavera. Dei uma mordida numa pera e de repente senti que ali também tinha uma manchete escondida, meio envergonhada de existir. Tão simples: o prazer da polpa se desmanchando na boca, a alegria do corpo com saúde, só respirando, modestamente feliz. Depois foi fácil: um amigo me falou que uma frase que eu nem me lembrava ter escrito foi melhor que aspirina para a alma. Sorri, porque havia ali um certo empréstimo, um merecimento que não me pertencia. Ninguém sabe por que, mas um presente sempre assume a forma da pessoa que o recebe. Com o passar do tempo, as coisas se tornam mais naturais. A cor de um prédio, uma laranja descascada com a mão, o passo acelerado para escapar da chuva. Os presentes chegavam de todos os lados, mesmo quando eu estava distraído. Ele me disse que era assim mesmo que acontecia, sem agendamento ou passaporte para isso que todos pareciam querer: a felicidade. E que a vida ia se fazendo em descompasso com esses anúncios que andam exibindo por aí. Era de outra coisa que estávamos falando. Poucos percebem que as melhores manchetes podem ser lidas todos os dias. Basta deixar a porta destrancada". (contracapa do livro "A Vida sem Manchete")

Querer sem Medida” é um doce passeio pelos nossos sentimentos que talvez andem guardados ou escondidos lá no fundo de nossa alma. É mais uma obra que o autor nos leva a refletir sobre os mais belos sentimentos e nos faz ver que os mais belos momentos são os mais simples, mas cheios de significados. (Inicialmente esse livro se chamou “Frutos Ardentes” e foi o primeiro livro publicado por Marcílio).


 "Querer sem medida é viver, porque todos passam. Os grandes e os pequenos. Quem acumula ouro morrerá coberto de ouro. Mas morrerá pobre, só tendo ouro. Sob o sol há outros afazeres, outras provisões. Não há sabedoria em aumentar o quinhão de posses. O que o tempo dá, o tempo toma. Está escrito que os dias são curtos, que tudo é vento. Fica assim a certeza de que essas palavras são preciosas não só para aqueles dias, mas também para os nossos. As pessoas dizem, mais ou menos em uníssono, do cansaço, das opressões que acontecem no trabalho, em casa, nas relações afetivas. Paradoxalmente, a tecnologia encurta o fazer, mas cobra mais disponibilidade para esse mesmo fazer. E para que tanto? Se do sopro nascemos, nosso fim se anunciará de igual maneira." (contracapa do livro "Querer sem Medida)

Para mim é impossível dizer qual dos livros gostei mais, pois todos eles nos levam a uma linda reflexão a respeito de nós mesmos, dos nossos sentimentos, do que queremos de nós, da nossa vida, o que faremos, como faremos... Recomendo a leitura de todos eles.

Marcílio é filósofo e estuda a psicanálise, então, por aí você já pode esperar grandes análises íntimas de nossas almas. Não pense que a leitura é pesada ou complexa. Ele tem uma habilidade encantadora de transformar os ensinamentos profundos em crônicas sutis que todos se reconhecem... Eu diria que é um aprender, brincando, se divertindo!

Minha recomendação é de que você leia as obras de Gilmar com o peito aberto... Sentindo as palavras e aprendendo com a sutileza das lindas mensagens.

Acho que não preciso nem dizer que sou fã desse escritor, né? Adoro livros que agreguem valores emocionais e morais às nossas vidas, e as obras dele são exatamente assim!

Recomendo! Boa leitura!


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dica de leitura: “As Sete Irmãs”, de Lucinda Riley

Desde o primeiro livro que eu li de Lucinda Riley sou totalmente fã do estilo dessa escritora. Leitura leve, mas envolvente, com mistério, amor e sempre uma história de redenção. O que posso querer mais? Não é à toa que sempre que vejo um novo título dela, compro sem nem mesmo ler a contracapa, sinopse ou orelha do livro! Aliás, dessa autora, desconfio que eu leria até um bilhete escrito em um papel de pão!


Essa sua última obra, que na verdade será a primeira de uma série de sete livros, conta a história das irmãs D`Apliése que foram adotadas por Pa Salt. Cada uma das irmãs veio de um lugar diferente, mas estão unidas pelo amor e pelas dúvidas sobre suas origens. O enredo se desenrola após a morte do pai das meninas que em seu último ato deixa pistas para que cada uma delas busque seu passado.

Nesse primeiro livro, Maia, a irmã mais velha, é a primeira a procurar suas origens e, para nossa agradável surpresa, ela vai parar no Rio de Janeiro, aqui no nosso Brasil! Além disso, ela irá mergulhar numa linda história de amor, tendo a construção do Cristo Redentor como pano de fundo.

A história é linda e encantadora, passeando pela Belle Epoque do Rio de Janeiro, em 1927, enquanto o arquiteto Heitor da Silva Costa trabalhava no Cristo Redentor, e também por Paris.

Mais uma obra épica e arrebatadora sobre amor, escolhas e suas conseqüências que é tão imperdível quanto os demais livros dessa aclamada autora. Ao final do livro, alguns pontos ficam em suspenso, assim, conclui-se que nos demais livros da série poderão ser retomados, o que aumenta ainda mais a expectativa a respeito dessa obra que, ao que tudo indica, será grandiosa.

A história deixa a mensagem de que o amor é a força mais poderosa que existe e mais bela também. Mas nos faz pensar também em como as escolhas mudam os destinos das pessoas.

Recomendo a leitura! Livro fascinante... e já estou ansiosa pelos outros livros da série!


Boa leitura!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Dica de Publicação da Editora Sulina



Hoje venho compartilhar com vocês uma dica de livro publicado pela Editora Sulina. Ainda não li, mas achei o tema super interessante. 

Cidade & Sociedade - As tramas da prática e seus espaços, de Vinicius M. Netto.


Categoria: Arquitetura, Urbanismo, Ciências Sociais 
Edição: 1ª - 2014
Formato: 16 x 23 cm
Nº de Pag.: 431
Peso: 0,635 Kg

Cidade & Sociedade: as tramas da prática e seus espaços explora as relações entre Sociedade e Espaço em três níveis: (i) Sociedades como sistemas de encontro: a segregação sobre o corpo; (ii) Sociedades como sistemas de comunicação: espaço significado e prática social; (iii) Sociedades como sistemas de interação material: forma e dinâmica urbana.
O aparato conceitual de Vinicius M. Netto, meticulosamente preparado, nos dá ferramentas para repensar elementos fundamentais da pesquisa e prática de ensino cotidianas: as relações interescalares e cada vez mais complexas entre nossos corpos individuais e coletivos e os espaços dos lugares e fluxos que moldam e são moldados por nossas interações.
Valendo-se da sociologia, antropologia, economia, ética, política, teoria da comunicação e planejamento, o autor nos oferece razões práticas e munição filosófica para a batalha pela reconquista da cidade. 


Confira, inclusive outras publicações, na fanpage da Editora Sulina 
www.facebook.com/editorasulina


Se você já leu, conte o que achou! 
Boa leitura!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dica de leitura: "As Virtudes da Casa", de Luiz Antonio de Assis Brasil

Acabei de ler o livro “As Virtudes da Casa”, que, segundo o próprio autor, é o livro com maior carga emocional. A análise psicológica dos personagens é realmente muito interessante, principalmente a respeito da sociedade gaúcha do século XIX.

Adoro livros que tenham pano de fundo a cultura gaúcha, as estâncias, tradições, fatos históricos e essa história se mostrou deliciosa e envolvente.

A obra descreve a vida e os costumes em uma estância no interior do Estado do Rio Grande do Sul durante o século XIX, quando ainda tínhamos a (vergonhosa) escravatura e mulher era (ou ao menos deveria ser) totalmente submissa ao marido.

A história se desenrola a partir da ida do estancieiro à guerra e a chegada de um botânico francês na estância, o que esfacela a harmonia familiar. Então, o que parecia tão concreto e ‘virtuoso’ se desmancha e mostra a fragilidade familiar fazendo contraponto à necessidade de manutenção de aparências e das tradições.

Digamos que o livro mostra que com a ausência do pai, marido e chefe da família, a obediência das ‘regras’, da moral e dos bons costumes se perde, ou melhor, as mulheres se sentem livres para fazer e sentir o que realmente é de seus desejos - já que a transgressão seria a única forma de libertação. Na verdade o relato mostra a coragem e a vontade das mulheres de darem vazão aos seus reais sentimentos, mas mostra também o remorso e a culpa pela transgressão das regras de forma tão torpe.

O livro narra também os conflitos entre a mãe e os filhos e como essa relação é conturbada, frágil e calcada em frágeis estruturas emocionais. Muito interessante, e triste, a descrição da relação familiar e lamentável a fragilidade e superficialidade.

O final do livro me frustrou um pouco. Eu queria um final estrondoso, revelador e até libertador. Mas o autor foi por outro caminho e demonstrou a realidade da época, onde as aparências e os costumes se sobressaíam a qualquer custo. Na verdade o livro foi bem realista com o modelo da época, pois se fosse pelo caminho que eu imaginava, e dada à época histórica, teria uma tragédia no final! Então não posso reclamar. O livro é ótimo e muito bem estruturado historicamente.

Esse livro deixou um gostinho de quero mais! Queria saber mais detalhes e mais meandros da história dos personagens após todos os acontecimentos narrados. Adorei a sutileza na forma como o autor narra os costumes, sentimentos e o desenrolar da vida no campo.

O livro é uma delícia! A narrativa é rica e envolvente. Essa obra é daquelas que nos fazem contar as horas para o momento que vamos retomar a leitura, nos fazendo sentir parte da trama, sofrendo e vibrando com os acontecimentos.

Recomendo! Boa leitura!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Receita de Bolo Salgado de Abobrinha

Gostaria de compartilhar com vocês uma receita super gostosa, leve, saborosa e nutritiva! 
Essa receita rendeu essa forma de  +/-  30 cm de comprimento

Essa receita é ótima para acompanhamentos de outros pratos, mas também pode ser aquela opção leve para um lanche no final da tarde...  além de ser saudável! Prove!!



Bolo Salgado de Abobrinha

Ingredientes:
2 abobrinhas grandes raladas (com casca)
1 cebola média ralada
2 tomates grandes picadinhos
Cheiro verde picado a vontade
Sal a gosto
2 ovos inteiros
10 colheres (sopa) de farinha de trigo (usei farinha integral)
1/2 (meia) xícara (chá) de óleo
1 xícara (chá) de leite
1 colher (sopa) de fermento em pó
Queijo ralado (para polvilhar)


Modo de preparo:
Misture tudo numa vasilha.

Unte e esfarinhe uma fôrma média e leve ao forno por aproximadamente 35 minutos ou até dourar. 

Perceba que ela fica cremosa, quase como um suflê!


Acredito que podemos variar com outros ingredientes, como berinjela... mas ainda não provei! 

Bom apetite!!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

“Diário do Farol”, João Ubaldo Ribeiro

Há poucos dias li a obra “Diário do Farol”, de João Ubaldo Ribeiro e não pensei que no momento que fosse postar no blog seria em forma de homenagem ao escritor.

João Ubaldo Ribeiro
1941 - 2014
João Ubaldo Ribeiro, escritor e acadêmico, faleceu hoje (18/07/2014), aos 73 anos. Ele era o 7º ocupante da cadeira  34 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco.


"Diário do farol” é o relato autoral de um padre amoral e inescrupuloso a respeito de suas maldades. A história é contada quando esse padre já se encontra morando isolado em um ilha com um farol, que se chama Lúcifer, que, ironicamente, significa ´aquele que detém a luz´.

A obra traz com detalhes os fatos ocorridos desde a sua infância em casa e no seminário. No início do livro, o leitor fica com pena do jovem seminarista devido aos maus-tratos do pai sofridos na infância, o que supostamente o teriam deixado com a índole tão ruim; posteriormente, o sentimento do leitor muda, pois as maldades são inacreditáveis.

Além disso, ele usa pretextos do passado para justificar suas atitudes, de maneira convicta, contra seus familiares, contra colegas de seminário e contra uma mulher que o desprezou. O relato é impressionante e muitas vezes chega a dar arrepios, tamanha a frieza, a crueldade e a certeza de justiça nos pensamentos bárbaros e loucos do padre, bem como a descrição das atitudes e condutas repulsivas durante toda a sua vida.

Durante todo livro, o padre dialoga com o leitor dizendo que não há bem ou mal. Inclusive ele faz piada com as crenças cegas do catolicismo, manipula os fiéis usando sua posição de padre e orientador moral e religioso.

É uma obra intrigante que nos choca a cada página com a riqueza de detalhes sórdidos, nos levando a refletir sobre nossa condição social e humana e sobre o que as pessoas são capazes de fazer para satisfazer os caprichos e vinganças de uma mente perturbada.

Boa leitura!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pablo Neruda

Dia 12 de julho, o grande poeta chileno, Pablo Neruda estava de aniversário!



Eu como fã dele gostaria de homenageá-lo com o poema que eu mais gosto... na verdade, para mim, é mais um “ode ao amor”!

“Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio 
ou flecha de cravos que propagam o fogo: 

te amo secretamente, entre a sombra e a alma.



Te amo como a planta que não floresce e leva 

dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, 

e graças a teu amor vive escuro em meu corpo 
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho: 
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

Se não assim deste modo em que não sou nem és 
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha 
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.”




Pouca gente sabe, mas Neruda se chamava Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, porém ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda, inspirado no escritor checo Jan Neruda, que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.



       
Eu, na Biblioteca de Pablo Neruda - La Chascona

Visitei sua casa em Santiago, apelidada de "La Chascona". A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso

Fachada da "La Chascona"- casa de Pablo Neruda, em Santiado, Chile.

"La Chascona" é um museu com objetos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. Vale muito a visita... eu fiquei encantada, principalmente ao ver suas particularidades: a casa é dispersa, espalhada no terreno, ou seja, tem um pátio no meio, com escadas – não é um jardim de inverno, é um pátio mesmo (veja a foto que tirei, logo abaixo)!

Pátio da casa de Pablo Neruda - Santiago, Chile.

Além disso, a casa parece um barco, com janelas tipo escotilhas, teto baixo, corrimões e parapeitos. As cores são intrigantes, fortes e marcantes. Os objetos usados por Neruda estão expostos: escrivaninha, telefone, poltronas, bibelôs, manuscritos... é incrível. Sinceramente, é visita imperdível para os fãs!

Manuscritos
Em 1994 foi lançado o filme “O Carteiro e O Poeta” baseado nesse grande poeta chileno.



De acordo com Isabel Allende, Neruda teria morrido de "tristeza" em setembro de 1973, ao ver dissolvido o governo de Salvador Allende.

Os restos mortais do poeta foram exumados a 08 de abril de 2013 para esclarecer as circunstâncias da sua morte. Segundo a versão oficial, morreu de um agravamento do cancro da próstata a 23 de setembro de 1973, 12 dias depois do golpe de estado perpetrado contra o seu amigo e presidente socialista Salvador Allende. Mas testemunhos recentes puseram em causa essa versão e evocaram um assassinato comandado pela ditadura, para evitar que Neruda se tornasse um opositor de prestígio, eventualmente a partir do exílio. Em novembro do mesmo ano, as conclusões das análises aos restos mortais do poeta chileno foram tornadas públicas: a sua morte, em 1973, foi provocada pelo câncer.




Pablo Neruda nos deixou um grande legado! Vale a pena conhecer... Duvido que você não se apaixone! 



Boa leitura!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Martha e Carpinejar, como não amar?

Acredito que as pessoas têm fases de tipo de leituras. Fase dos romances rasgados, dos contos hilários, dos poemas apaixonados, das crônicas tocantes...

Martha Medeiros
Independente da fase de cada um, ler as crônicas dos gaúchos Martha Medeiros e Fabrício Carpinejar é um deleite. Indescritível. Sabe quando lemos algo e pensamos: “ele (a) escreveu isso pra mim”? Então. É isso que acontece com as obras dessas feras.
  
Tudo bem que sou bairrista e adoro escritores gaúchos. Minhas paixões literárias são Érico Veríssimo, Mário Quintana, Gilmar Marcílio (que descobri a pouco), Juremir Machado, Martha e Carpinejar, mas não é por puro bairrismo. Eles são artistas completos e maravilhosos, não há como contestar.


Fabrício Carpinejar
Tanto Martha como Carpinejar mexem com nossa alma. Nos fazem pensar e, talvez, colocar em palavras todos aqueles sentimentos que temos durante a vida, mas achamos que só nós percebemos. Ao lê-los dá certa inveja. Sim, inveja! Inveja de não conseguir traduzir em palavras tão simples e sutis os nossos sentimentos. Quando os lemos sempre pensamos: “é isso mesmo!” “é tudo isso que eu sinto e gostaria de dizer!”

Quando os leio vou para a cama com a sensação que fiz uma sessão de terapia. Fico ‘carregada’, mas ao mesmo tempo ‘leve’: cheia de emoções gostosas, incentivos a melhorar, a ser alegre com pequenas coisas, a sorrir, a criar... Fazem aflorar sensações esquecidas (ou que até então não conseguíamos nomear) e nos convocam a perceber que a vida vale a pena, que há alegria e esperança apesar de tantas atrocidades e maldades no mundo.


Essas obras com sua sutileza, simplicidade, mas com grande profundidade têm o condão de nos tocar fundo. Elas mexem com nossas emoções, nos fazem pessoas melhores, nos fazem olhar para o próximo de forma terna como queremos ser olhados.