segunda-feira, 31 de março de 2014

Dica de leitura! "A Estrada da Cura”, Neil Peart. Editora Belas Letras.

Envolvente, cativante e diferente do que costumamos ter em biografias, esse livro é uma viagem pelo Canadá, Alasca, Estados Unidos, México, pela vida e alma de Neil – o baterista da famosa banda Rush.

Depois que Neil perdeu sua filha e sua esposa, viu-se sozinho com apenas 45 anos e sem vontade para nada. Como ele mesmo se intitula: virou um fantasma. Para fugir das lembranças que ardiam, tentar esquecer-se do sofrimento, ou ainda, para tentar transmutar tanta dor em algo proveitoso, ele usou de algo que até então era apenas um hobby e o transformou em sua ‘cura’: pegou sua moto e saiu em uma viagem sem destino fixo. Fez 90 mil quilômetros numa viagem que não era uma jornada, mas um exílio desesperado e inquieto (como ele mesmo descreve), juntando os cacos de sua vida dilacerada.

O livro descreve todas as paisagens e sentimentos de Neil. Nós leitores nos sentimos na ‘carona’ de sua moto e dá pra ter o gostinho da aventura que foi essa viagem. A descrição de detalhes é bem rica e conseguimos sentir até o frio dos lugares por onde ele passou! Apesar da riqueza dos detalhes da viagem e dos desabafos sentimentais e psicológicos de Neil, a leitura não é nada maçante, inclusive ele faz comentários que eu sequer pensaria, tais como a respeito de troca de óleo, das pastilhas de freios, da mecânica da moto, etc. Certamente essas partes os homens vão se deliciar! Enfim, é um livro escrito por um homem, e, portanto, tem a visão masculina ali impressa.

Além do relato da viagem de motocicleta, o livro conta com muitas cartas enviadas a amigos que o ajudaram nessa luta diária para minimizar as cicatrizes, descrições de passeios por reservas naturais, caminhadas por trilhas, descrições dos hotéis, restaurantes e com trechos de seu diário pessoal. Outra coisa interessante é que Neil sempre tinha livros junto de si, sempre os lia, os indicava e enviava a amigos.



As partes em que Neil coloca suas emoções, ou seja, nos momentos que faz o desabafo emocional, ele não é pedante, nem cansativo. Na verdade essa parte emocional é bem leve e eram as que eu mais me interessava, pois era possível colocar-se no lugar dele, sentir a profundidade dos sentimentos, as suas angústias e vibrar ao perceber os primeiros sinais de sua “cura”. 

Foi gratificante saber que ele conseguiu superar a total ausência de entusiasmo e motivação depois de perder tudo que era realmente importante e conseguiu dar um novo rumo a sua vida.

O final o livro é encantador! Na verdade, o rumo que Neil conseguiu dar a sua vida foi encantador: transformou toda a dor em renascimento. O livro é um relato de como Neil fez para continuar vivendo depois de tanta tragédia, é a biografia de um homem que deixou de ser um fantasma e reencontrou a vida.

Recomendo essa obra, sobretudo para que percebamos que a vida continua, que temos nossa missão aqui e que não podemos deixar que os percalços da vida nos tirem a fé e o foco dos nossos ideais.

Boa leitura!


quinta-feira, 13 de março de 2014

“Depois de Auschwitz”, Eva Schloss.

“Naquele momento, decidi que eu não seria uma vítima, apesar de tudo o que havia acontecido comigo. Nunca permitiria a mim mesma ter uma mentalidade dessas – era quase aceitar o papel de total desamparo que os nazistas queriam que sentíssemos. Eu não era impotente. Eu era uma sobrevivente.” (trecho do livro)


Estarrecimento.
Esse foi meu sentimento ao ler essa obra magnífica. Nunca li nada igual. Me emocionei da primeira folha à última. Fiquei pasma com as atrocidades. Os fatos me chocaram e muitas vezes senti até uma certa revolta.

Já li outros livros que tratam dos acontecimentos terríveis durante a Segunda Guerra Mundial – todos foram muito bons, se é que se pode dizer ‘bom’ para histórias com um pano de fundo terrível como esse, mas o que quero dizer, é que todos foram ótimos livros, mas jamais pensei em ler um relato real de uma sobrevivente ao holocausto, com os detalhes mais incríveis e assustadores.

Quanto leio algo sobre a Segunda Grande Guerra me questiono o motivo de tanta loucura – sim, só pode ser loucura, pois não tem explicação. Nada do que me disserem vou aceitar como “possível”. É muita atrocidade. A reflexão a partir desse livro é no sentido de que o preconceito, o ódio, a intolerância foram capazes de coisas horríveis no passado, mas e hoje? Será que estamos livres de coisas desse tipo? Temo em dizer que não. Infelizmente. Ainda hoje as pessoas se matam por 'uma galinha'. Famílias são dizimadas e separadas por ódios e ciúmes descontrolados. A ganância, o poder e o dinheiro comandam todos os setores da sociedade.

 “Anne Frank escreveu no final de seu diário, pouco antes de ser capturada, que ainda acreditava que as pessoas tinham bons corações, mas eu me pergunto o que ela pensaria se tivesse sobrevivido aos campos de concentração de Auschwitz e Bergen-Belsen. Minhas experiências revelaram que as pessoas têm uma capacidade única para a crueldade, brutalidade e completa indiferença aos sentimentos humanos. É fácil afirmar que o bem e o mal existem dentro de cada um de nós, mas eu vi a realidade de perto, e isso me levou a uma vida de questionamentos sobre a alma humana.” (trecho do livro)

Sempre começo os livros fazendo uma “inspeção” na obra... Leio as orelhas, contracapa... Nesse livro, ao ler esses fragmentos já me arrepiei. Ao ler o prólogo percebi que eu já estava completamente envolvida pela obra e a leitura avançou pela noite, pois foi impossível largar, mesmo com os insistentes chamados de meu marido para que eu fosse dormir.

Emocionei-me em várias passagens da história – e agora escrevendo isso, me emociono novamente. É impossível não pensar em tudo que li sem sentir um aperto no peito. Do início ao fim da obra me senti fazendo parte daquele horror. Quando Eva se referia ao cheiro que sentia, eu inspirava, pois tinha a nítida impressão de que também o sentiria. O vazio que ela relata, a angústia, a ansiedade... tudo é possível sentir. Durante todo o livro eu me perguntei se eu teria sobrevivido naquela situação. Quanta dor.

Não me admira que depois dela ter vivido tudo aquilo – que não há adjetivo capaz de descrever fielmente, ela não se importe na existência ou não de Deus. Depois daquilo tudo, não sei se é possível acreditar em alguma coisa - não me levem a mal, eu creio, tenho fé e acho indispensável essa minha religiosidade, mas consigo compreender perfeitamente a perda da fé de Eva.

Em resumo, o livro é a biografia de uma menina que desde seus 09 anos fugiu das perseguições antissemitas e no dia de seu aniversário de 15 anos foi capturada (junto com sua mãe, pai e irmão) e levada para Auschwitz – o maior campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

O relato é emocionante e as mensagens edificantes são ensinamentos pra toda vida. Não pense que o livro é só desespero, afinal, ele conta a história real de uma sobrevivente, a sua coragem, a sua vontade de viver, o seu entusiasmo. É gratificante saber como Eva seguiu sua vida após viver tudo aquilo e como deu a volta por cima, superando traumas que penso que seriam praticamente impossíveis de se apagar.

O livro é incrível e impressionante. Quem me conhece sabe que sou muito intensa... Mas reafirmo: esse livro é muito mais que se pode imaginar. Na verdade não é um livro. É um documento histórico.

Recomendo essa leitura. Depois dessa leitura certamente você nunca mais pensará da mesma forma.


segunda-feira, 10 de março de 2014

“Sobre homens e lagostas”, Elizabeth Gilbert.


Ao me deparar com esse livro, a princípio o título não me fascinou, mas o li pela autora que é aquela que escreveu o brilhante “Comer, rezar e amar” – que eu li até em italiano! Então, ao ler a sinopse, pensei que seria uma leitura fascinante e envolvente...

O livro trata da história de Ruth, uma mulher que abre mão da fortuna da mãe para se tornar uma caçadora de lagostas em um pequeno arquipélago com seu pai - na verdade esse 'abrir mão' seria na verdade uma libertação, ao meu ver. Ela pretende seguir o pai na profissão de pescador e termina por se apaixonar por um aspirante a "lagosteiro" residente no território adversário.

O livro narra a vontade de Ruth em mudar a mentalidade dos habitantes das ilhas e fazer com que seu amor e seu trabalho com a pescaria de lagostas sejam aceitos pelos moradores, mas essa narrativa não é nada empolgante... Na verdade achei chata e sem entusiasmo. Não é aquele livro que se pode sentir o envolvimento e o comprometimento da personagem com seus ideais.

Sinceramente, achei o livro "enrolado", com diálogos longos e sem propósito. Não há momentos eletrizantes, nem aqueles que nos fazem sentir que fazemos parte da história... O livro tem 340 páginas, mas a história não tem aquele brilho que eu esperava ao ler essa autora... Na verdade a parte interessante da obra, o desenrolar da história (finalmente), acontece depois da metade do livro. Fiquei um tanto frustrada com o livro e entendi o motivo desse livro, sendo o primeiro de Elizabeth Gilbert, não ter ‘decolado’: não tem aquele entusiasmo e eloquência que nos prende e nos fascina (como aconteceu com “Comer, rezar e amar” - pelo menos pra mim, não teve).

Enfim, vale pela leitura, mas a história e o enredo ficaram aquém das minhas expectativas, pois eu esperava entusiasmo e mais envolvimento de Ruth com seu propósito – o que na narrativa ficou bem ‘morno’ e sem emoção.

Espero que você tenha uma opinião diferente da minha, mas infelizmente o livro não me cativou. Boa leitura!

terça-feira, 4 de março de 2014

Dica de leitura: “A Garota do Penhasco”, Lucinda Riley.


Desde que li o primeiro livro que encontrei dessa autora eu fiquei à caça de mais títulos. Há alguns dias li “A luz através da janela” que me fascinou completamente. 

Vejam minhas observações a respeito dos outros livros dela aqui: http://pimentapimenta.blogspot.com.br/2014/02/dica-de-leitura-luz-atraves-da-janela.htmlhttp://pimentapimenta.blogspot.com.br/2012/05/dica-de-leitura.html

Agora terminei mais uma obra dela e garanto: “A Garota do Penhasco” é mais uma joia da literatura!

Envolvente, cativante, nos prende da primeira página até o fim. A cada capítulo uma mensagem edificante e motivadora. Como os demais livros dessa escritora, este é mais um daqueles imperdíveis!

Sou apaixonada por livros com sagas familiares, histórias que percorrem séculos e envolvem muitas pessoas e segredos que ao serem revelados trazem grandes surpresas e reviravoltas... Esse livro tem tudo isso, além de passear por momentos verdadeiros da história mundial.

Esse romance conta a história de Grania e Aurora, tratando sobre mudança de vida e a coragem, digamos assim, de abandonar todos nossos planos por algo maior. Além disso, as histórias das famílias de Grania e Aurora se fundem e transpassam quase dois séculos com dores, mágoas e rancor, mas com amor e entrega tudo se resolve de uma forma linda e emocionante.

A história me comoveu por sua delicadeza e força. Quem de nós abriria mão de planos particulares em prol de uma desconhecida? Pois então... a partir daí, incrivelmente tudo de resolve, inclusive as angústias e problemas pessoais.


"A Garota do Penhasco" é uma obra que mostra que é possível encontrar um propósito quando todas as esperanças parecem perdidas, e mais que isso: nos mostra como o orgulho, a raiva e a insegurança acabam tão facilmente com a chance de uma felicidade possível.


Recomendo essa obra. É incrível como a autora tece os destinos das personagens por anos a fio com consistência e profundidade. Além disso, os sentimentos são palpáveis e nos sentimos parte dessa grandiosa história.

Já estou em busca de mais títulos dessa escritora, mas parece que as outras obras dela ainda não foram traduzidas para o português. Estou de olho!!


Boa leitura!