sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dica de leitura: "As Virtudes da Casa", de Luiz Antonio de Assis Brasil

Acabei de ler o livro “As Virtudes da Casa”, que, segundo o próprio autor, é o livro com maior carga emocional. A análise psicológica dos personagens é realmente muito interessante, principalmente a respeito da sociedade gaúcha do século XIX.

Adoro livros que tenham pano de fundo a cultura gaúcha, as estâncias, tradições, fatos históricos e essa história se mostrou deliciosa e envolvente.

A obra descreve a vida e os costumes em uma estância no interior do Estado do Rio Grande do Sul durante o século XIX, quando ainda tínhamos a (vergonhosa) escravatura e mulher era (ou ao menos deveria ser) totalmente submissa ao marido.

A história se desenrola a partir da ida do estancieiro à guerra e a chegada de um botânico francês na estância, o que esfacela a harmonia familiar. Então, o que parecia tão concreto e ‘virtuoso’ se desmancha e mostra a fragilidade familiar fazendo contraponto à necessidade de manutenção de aparências e das tradições.

Digamos que o livro mostra que com a ausência do pai, marido e chefe da família, a obediência das ‘regras’, da moral e dos bons costumes se perde, ou melhor, as mulheres se sentem livres para fazer e sentir o que realmente é de seus desejos - já que a transgressão seria a única forma de libertação. Na verdade o relato mostra a coragem e a vontade das mulheres de darem vazão aos seus reais sentimentos, mas mostra também o remorso e a culpa pela transgressão das regras de forma tão torpe.

O livro narra também os conflitos entre a mãe e os filhos e como essa relação é conturbada, frágil e calcada em frágeis estruturas emocionais. Muito interessante, e triste, a descrição da relação familiar e lamentável a fragilidade e superficialidade.

O final do livro me frustrou um pouco. Eu queria um final estrondoso, revelador e até libertador. Mas o autor foi por outro caminho e demonstrou a realidade da época, onde as aparências e os costumes se sobressaíam a qualquer custo. Na verdade o livro foi bem realista com o modelo da época, pois se fosse pelo caminho que eu imaginava, e dada à época histórica, teria uma tragédia no final! Então não posso reclamar. O livro é ótimo e muito bem estruturado historicamente.

Esse livro deixou um gostinho de quero mais! Queria saber mais detalhes e mais meandros da história dos personagens após todos os acontecimentos narrados. Adorei a sutileza na forma como o autor narra os costumes, sentimentos e o desenrolar da vida no campo.

O livro é uma delícia! A narrativa é rica e envolvente. Essa obra é daquelas que nos fazem contar as horas para o momento que vamos retomar a leitura, nos fazendo sentir parte da trama, sofrendo e vibrando com os acontecimentos.

Recomendo! Boa leitura!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Receita de Bolo Salgado de Abobrinha

Gostaria de compartilhar com vocês uma receita super gostosa, leve, saborosa e nutritiva! 
Essa receita rendeu essa forma de  +/-  30 cm de comprimento

Essa receita é ótima para acompanhamentos de outros pratos, mas também pode ser aquela opção leve para um lanche no final da tarde...  além de ser saudável! Prove!!



Bolo Salgado de Abobrinha

Ingredientes:
2 abobrinhas grandes raladas (com casca)
1 cebola média ralada
2 tomates grandes picadinhos
Cheiro verde picado a vontade
Sal a gosto
2 ovos inteiros
10 colheres (sopa) de farinha de trigo (usei farinha integral)
1/2 (meia) xícara (chá) de óleo
1 xícara (chá) de leite
1 colher (sopa) de fermento em pó
Queijo ralado (para polvilhar)


Modo de preparo:
Misture tudo numa vasilha.

Unte e esfarinhe uma fôrma média e leve ao forno por aproximadamente 35 minutos ou até dourar. 

Perceba que ela fica cremosa, quase como um suflê!


Acredito que podemos variar com outros ingredientes, como berinjela... mas ainda não provei! 

Bom apetite!!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

“Diário do Farol”, João Ubaldo Ribeiro

Há poucos dias li a obra “Diário do Farol”, de João Ubaldo Ribeiro e não pensei que no momento que fosse postar no blog seria em forma de homenagem ao escritor.

João Ubaldo Ribeiro
1941 - 2014
João Ubaldo Ribeiro, escritor e acadêmico, faleceu hoje (18/07/2014), aos 73 anos. Ele era o 7º ocupante da cadeira  34 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco.


"Diário do farol” é o relato autoral de um padre amoral e inescrupuloso a respeito de suas maldades. A história é contada quando esse padre já se encontra morando isolado em um ilha com um farol, que se chama Lúcifer, que, ironicamente, significa ´aquele que detém a luz´.

A obra traz com detalhes os fatos ocorridos desde a sua infância em casa e no seminário. No início do livro, o leitor fica com pena do jovem seminarista devido aos maus-tratos do pai sofridos na infância, o que supostamente o teriam deixado com a índole tão ruim; posteriormente, o sentimento do leitor muda, pois as maldades são inacreditáveis.

Além disso, ele usa pretextos do passado para justificar suas atitudes, de maneira convicta, contra seus familiares, contra colegas de seminário e contra uma mulher que o desprezou. O relato é impressionante e muitas vezes chega a dar arrepios, tamanha a frieza, a crueldade e a certeza de justiça nos pensamentos bárbaros e loucos do padre, bem como a descrição das atitudes e condutas repulsivas durante toda a sua vida.

Durante todo livro, o padre dialoga com o leitor dizendo que não há bem ou mal. Inclusive ele faz piada com as crenças cegas do catolicismo, manipula os fiéis usando sua posição de padre e orientador moral e religioso.

É uma obra intrigante que nos choca a cada página com a riqueza de detalhes sórdidos, nos levando a refletir sobre nossa condição social e humana e sobre o que as pessoas são capazes de fazer para satisfazer os caprichos e vinganças de uma mente perturbada.

Boa leitura!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pablo Neruda

Dia 12 de julho, o grande poeta chileno, Pablo Neruda estava de aniversário!



Eu como fã dele gostaria de homenageá-lo com o poema que eu mais gosto... na verdade, para mim, é mais um “ode ao amor”!

“Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio 
ou flecha de cravos que propagam o fogo: 

te amo secretamente, entre a sombra e a alma.



Te amo como a planta que não floresce e leva 

dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, 

e graças a teu amor vive escuro em meu corpo 
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho: 
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

Se não assim deste modo em que não sou nem és 
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha 
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.”




Pouca gente sabe, mas Neruda se chamava Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, porém ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda, inspirado no escritor checo Jan Neruda, que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.



       
Eu, na Biblioteca de Pablo Neruda - La Chascona

Visitei sua casa em Santiago, apelidada de "La Chascona". A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso

Fachada da "La Chascona"- casa de Pablo Neruda, em Santiado, Chile.

"La Chascona" é um museu com objetos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. Vale muito a visita... eu fiquei encantada, principalmente ao ver suas particularidades: a casa é dispersa, espalhada no terreno, ou seja, tem um pátio no meio, com escadas – não é um jardim de inverno, é um pátio mesmo (veja a foto que tirei, logo abaixo)!

Pátio da casa de Pablo Neruda - Santiago, Chile.

Além disso, a casa parece um barco, com janelas tipo escotilhas, teto baixo, corrimões e parapeitos. As cores são intrigantes, fortes e marcantes. Os objetos usados por Neruda estão expostos: escrivaninha, telefone, poltronas, bibelôs, manuscritos... é incrível. Sinceramente, é visita imperdível para os fãs!

Manuscritos
Em 1994 foi lançado o filme “O Carteiro e O Poeta” baseado nesse grande poeta chileno.



De acordo com Isabel Allende, Neruda teria morrido de "tristeza" em setembro de 1973, ao ver dissolvido o governo de Salvador Allende.

Os restos mortais do poeta foram exumados a 08 de abril de 2013 para esclarecer as circunstâncias da sua morte. Segundo a versão oficial, morreu de um agravamento do cancro da próstata a 23 de setembro de 1973, 12 dias depois do golpe de estado perpetrado contra o seu amigo e presidente socialista Salvador Allende. Mas testemunhos recentes puseram em causa essa versão e evocaram um assassinato comandado pela ditadura, para evitar que Neruda se tornasse um opositor de prestígio, eventualmente a partir do exílio. Em novembro do mesmo ano, as conclusões das análises aos restos mortais do poeta chileno foram tornadas públicas: a sua morte, em 1973, foi provocada pelo câncer.




Pablo Neruda nos deixou um grande legado! Vale a pena conhecer... Duvido que você não se apaixone! 



Boa leitura!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Martha e Carpinejar, como não amar?

Acredito que as pessoas têm fases de tipo de leituras. Fase dos romances rasgados, dos contos hilários, dos poemas apaixonados, das crônicas tocantes...

Martha Medeiros
Independente da fase de cada um, ler as crônicas dos gaúchos Martha Medeiros e Fabrício Carpinejar é um deleite. Indescritível. Sabe quando lemos algo e pensamos: “ele (a) escreveu isso pra mim”? Então. É isso que acontece com as obras dessas feras.
  
Tudo bem que sou bairrista e adoro escritores gaúchos. Minhas paixões literárias são Érico Veríssimo, Mário Quintana, Gilmar Marcílio (que descobri a pouco), Juremir Machado, Martha e Carpinejar, mas não é por puro bairrismo. Eles são artistas completos e maravilhosos, não há como contestar.


Fabrício Carpinejar
Tanto Martha como Carpinejar mexem com nossa alma. Nos fazem pensar e, talvez, colocar em palavras todos aqueles sentimentos que temos durante a vida, mas achamos que só nós percebemos. Ao lê-los dá certa inveja. Sim, inveja! Inveja de não conseguir traduzir em palavras tão simples e sutis os nossos sentimentos. Quando os lemos sempre pensamos: “é isso mesmo!” “é tudo isso que eu sinto e gostaria de dizer!”

Quando os leio vou para a cama com a sensação que fiz uma sessão de terapia. Fico ‘carregada’, mas ao mesmo tempo ‘leve’: cheia de emoções gostosas, incentivos a melhorar, a ser alegre com pequenas coisas, a sorrir, a criar... Fazem aflorar sensações esquecidas (ou que até então não conseguíamos nomear) e nos convocam a perceber que a vida vale a pena, que há alegria e esperança apesar de tantas atrocidades e maldades no mundo.


Essas obras com sua sutileza, simplicidade, mas com grande profundidade têm o condão de nos tocar fundo. Elas mexem com nossas emoções, nos fazem pessoas melhores, nos fazem olhar para o próximo de forma terna como queremos ser olhados.