sexta-feira, 25 de maio de 2018

Fé ou Ciência?


Já faz algum tempo que li “Origem”, de Dan Brown. Eu comprei logo que foi lançado e li logo em seguida, pois adoro o estilo ágil e com conteúdo baseado em pesquisas históricas que ele utiliza. Porém, admito: não foi meu livro preferido, mas achei muito válidas as dúvidas que ele provoca.

Adoro os questionamentos que Dan nos propõe. Suas pesquisas nos envolvem e nos fazem pensar o mundo de outro jeito, a história sob outro prisma. As perguntas que ele sugere nessa obra a respeito da nossa origem e do nosso destino (de onde viemos? para onde vamos?) são muito interessantes, mas, um pouco angustiantes (ao menos pra mim). Talvez por mexer numa seara de crenças e fé, ficou um pouco difícil pra eu aceitar a criação do mundo sem Deus e abraçar a ciência como única causadora da vida. Pra mim, particularmente, até a ciência depende de Deus – mas isso é opinião minha.

Me fascina o modo de Dan Brown escrever, pois para contar sua história, e questionar a nossa história ele nos leva por uma viagem maravilhosa. Sempre se utiliza de destinos lindos - dessa vez foi a Espanha, começando com o Museu Guggenheim de Bilbao, depois Barcelona. Numa mistura de fatos históricos ocultos, extremismo religioso, obras de arte moderna e símbolos, a obra é ótima e nos prende pelo desejo da descoberta que parece que mudará nossas vidas e responderá todas nossas perguntas.

Com um enredo que promete desvendar os segredos da nossa origem e da nossa existência, a obra nos envolve do começo ao fim como sempre - bem ao estilo de Dan Brown! Eu não consegui largar o livro até chegar ao final. Porém, quando achei que uma grande resposta colocaria fim às perguntas fundamentais da existência humana que durante toda obra afloram em nosso íntimo, fiquei um pouco frustrada.

Achei as ‘respostas’ um pouco controversas e incapazes de fazer mudar tudo que já sabemos a respeito de religião e ciência (não vou contar o deslinde da história). Além disso, pra quem tem fé será um pouco difícil aceitar totalmente a teoria apresentada pelo futurólogo Edmond Kirsch – aluno de Robert Langdon. Como já mencionei, acredito que até a ciência depende do Criador.

O que mais me deixou cautelosa (e até mesmo, temerosa) foi a demonstração de como a ciência e a tecnologia têm tomado uma dimensão enorme em nossas vidas – e como cada vez será ainda maior. O cenário trazido nessa obra me pareceu que, num futuro próximo, o mundo será pouco amoroso, nada acolhedor e totalmente regido por máquinas e inteligência artificial – o que vai de encontro com tudo que acredito, ou seja, que sem amor, empatia e humanidade não teremos progresso e sim destruição.

Para mim, a revelação não foi uma grande descoberta que mudará para sempre o papel da ciência. Acho que mesmo que tais descobertas sejam reais, nada muda o papel de Deus – ao menos para mim.

Eu não consigo imaginar outro modo de origem da vida sem o Criador. Talvez pela minha fé eu não consiga, sequer, vislumbrar isso, mas não pensem que eu sou uma religiosa fanática fechada ao debate. Sou Cristã ‘comum’, o que quero dizer que não sou estudiosa das religiões, nem praticante fervorosa. Tenho minha fé e acredito mesmo que sem fé nada somos. Porém, respeito todos pontos de vista e professo minha fé e minha crença do meu jeito, com amor e respeito. Acredito que Deus é um só, mesmo que mude a religião. Penso mais ou menos assim: não importa o caminho (religião), Deus é o destino de amor. Sou católica, frequento espiritismo e sou yogue simpatizante do budismo.  Acredito que o importante é fazermos o bem e nos sentirmos bem.

Apesar de todas essas colocações, friso que a obra de Dan Brown é daquelas imperdíveis. Ele mantém seu estilo delicioso, culto e eletrizante, nos convida a questionamentos importantes e que nos fazem pensar no mundo, na fé, na religião e na ciência. Recomendo!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Amor pelos livros 'de' história 'com' história: "O Retrato", de Charlie Lovett


Um livro feito para aqueles que amam os livros” – essa frase está na contracapa do livro “O Retrato”, de Charlie Lovett e nunca foi uma frase tão apropriada.

Logo que iniciei a leitura pensei: “esse livro é para quem ama os livros e os estuda”, pois a quantidade de fatos históricos envolvendo Shakespeare, inúmeras datas e alusão a documentos históricos eram tamanhas que pensei que seria mais uma leitura técnica do que aquelas que são minhas preferidas: romances com pano de fundo uma história real.

Porém, eu estava enganada e o livro se revelou exatamente – ou ainda mais, do que eu esperava: um romance lindo com uma história real como base. 

O romance de Peter e Amanda é de aquecer o coração e algumas frases são de parar a leitura para poder absorvê-las. Claro que Shakespeare inspirando dispensa comentários, mas impossível não adorar ler algo tão amoroso: 

Chama-me de amor, e serei rebatizado...”

A obra me arrebatou e eu tentei ‘economizar’ o livro para viver mais tempo com aquela história de amor – tanto do amor de Peter e Amanda, quanto o amor deles com os livros.

Outro fato que me encantou profundamente é que eu me reconheci em algumas passagens. Peter é vendedor de livros e sonhava em encontrar o ‘Santo Graal’ dos livros, ou seja, um livro que sequer se sabia da sua existência. Claro que não tenho essa pretensão, mas gosto de guardar e cuidar dos meus livros, sou bem exigente com o cuidado e manuseio deles... sem contar nas primeiras edições e livros autografados, que reluto em emprestar. Além disso, há uma passagem que Peter restaura uma obra que eu fiquei completamente absorta e querendo aprender essa técnica tão delicada.

Em um trecho em especial, Peter desiste de vender os volumes de livros raros que encontrou. Os compra e doa em memória de sua esposa para a Sala Devereaux (nome da sala em homenagem à avó de Amanda) – entendi perfeitamente esse gesto, pois já perdi as contas de quantos livros que já li há anos, mas agora os encontro em sebos e sinto uma necessidade de adquiri-los para tê-los na minha biblioteca. Só quem ama livros vai me compreender!

A leitura me prendeu até o final e o amor aos livros ‘de’ história, ‘com’ história - já que a obra gira em torno de livros raros, autenticação e conservação deles me emocionou. Penso exatamente como o protagonista Peter: 

“...é minha paixão. Sei que pode parecer bobagem para algumas pessoas, mas é a maneira como quero mudar o mundo. Unir livros e pessoas que vão amá-los e preservá-los para a próxima geração.”

Adorei essa obra e recomendo. Incrível como o amor e a cumplicidade de Peter e Amanda perdura mesmo após a morte de Amanda. A dedicação dele com as obras raras o salva da tristeza e nos leva a uma fascinante viagem nesse mundo encantador. Com uma dose de suspense viajamos junto com Peter e aprendemos muito sobre esse mundo delicioso dos livros.


terça-feira, 8 de maio de 2018

Lya Luft, 'Perdas e Ganhos'

Acabei de ler um livro maravilhoso da Lya Luft: ‘Perdas e Ganhos’ e com ele tenho me questionado várias coisas... vários sentimentos, várias atitudes e relações. O livro não contém crônicas, nem é de ficção, é uma ‘conversa autobiográfica’ e poderia ser uma espécie de manual de respeito a si mesmo e aos  outros.

Num relato limpo, simples e tocante, Lya Luft nos convida a pensar nos comportamentos que temos, na busca da felicidade a qualquer custo, na passagem do tempo, na chegada da velhice, da adaptação da nossa vida às diversas fases que vivemos, em tudo que ganhamos e que perdemos na caminhada chamada vida. Nos faz perceber que perder nem sempre é ruim, sempre se ganha algo em troca, nem que seja aprendizado e amadurecimento. A obra é um brinde ao amadurecimento consciente, sem pudores, muito respeito e com bom senso.

Essa leitura me fez pensar no comportamento das pessoas, no jeito como conduzem suas vidas, como se expõem através da internet, como tratam os demais e por aí vai. Será que as pessoas acham bonito, ou até invejável, aquilo que publicam nas redes sociais? Fotos fazendo biquinho, ou com expressão sexy, ou de horror, ou sei lá de que sentimento, só para chocar?

Na verdade a autoestima da gente tem que ser elevada, e o amor próprio é o único amor incondicional, mas daí passar a publicar fotos ridículas, com legendas ainda mais idiotas? Aí não, né? Um pouco de consciência e bom senso não faz mal pra ninguém.

Sem me fazer de rogada: adoro compartilhar fotos nas redes sociais, mas estou falando daquelas publicações que são apenas exibicionismo, em que o número de ‘curtidas’ é o que interessa! Adoro publicações simples do dia-a-dia, comidas, passeios, observações, enfim, simplicidades do cotidiano. Acho que elas espelham a nossa vida não só porque publicamos quase tudo que estamos fazendo, mas porque nelas ‘seguimos’, ‘curtimos’, falamos da gente e daquilo que sentimos. Penso que as redes sociais revelam quem realmente somos.

Quando deletamos ou bloqueamos alguém nas redes sociais isso significa que tiramos essa pessoa da nossa 'vida real'. Seja pelo motivo que for, tudo está interligado, por isso vejo que as falsidades nessas tecnologias também demonstram o verdadeiro caráter das pessoas. Penso que as redes sociais são um ótimo termômetro da índole do ser humano, são um espelho da nossa vida. O que convém, de que forma e em que momento convém!

E os demais comportamentos? Mentir, enganar, ter preconceito, grosserias, falta de respeito e educação... a que ponto chegamos: usamos pessoas para satisfação do ego.

Cuidado com aquelas pessoas que se intitulam amigos, mas só ‘nos usam’, que só lembram-se da gente quando precisam. Amizade é troca, nunca abuso. Amizade é verdade, nunca mentira.

Publiquem o que quiserem, afinal as redes sociais são suas, mas reflitam: será que o que você está publicando não está denegrindo sua própria imagem? Não seja pretensioso! Simplicidade é a chave da felicidade. Seja verdadeiro e leal em suas relações, isso faz bem pra você mesmo em primeiro lugar.

O menos é mais. Respeitar todas as fases da vida é indispensável. Se expor com comportamentos reprováveis só traz tristeza e solidão. A palavra chave é amadurecimento...  da alma, principalmente!

Ser feliz é simples e não precisa de plateia.