“Um livro feito para aqueles que amam os
livros” – essa frase está na contracapa do livro “O Retrato”, de Charlie Lovett
e nunca foi uma frase tão apropriada.
Logo
que iniciei a leitura pensei: “esse livro é para quem ama os livros e os estuda”,
pois a quantidade de fatos históricos envolvendo Shakespeare, inúmeras datas e alusão a documentos históricos eram
tamanhas que pensei que seria mais uma leitura técnica do que aquelas que são minhas
preferidas: romances com pano de fundo uma história real.
Porém,
eu estava enganada e o livro se revelou exatamente – ou ainda mais, do que eu
esperava: um romance lindo com uma história real como base.
O romance de Peter e Amanda é de aquecer o coração e algumas frases são de parar a leitura
para poder absorvê-las. Claro que Shakespeare
inspirando dispensa comentários, mas impossível não adorar ler algo tão
amoroso:
“Chama-me de amor, e serei rebatizado...”
A
obra me arrebatou e eu tentei ‘economizar’ o livro para viver mais tempo com aquela
história de amor – tanto do amor de Peter
e Amanda, quanto o amor deles com os
livros.
Outro
fato que me encantou profundamente é que eu me reconheci em algumas passagens. Peter é vendedor de livros e sonhava em
encontrar o ‘Santo Graal’ dos livros,
ou seja, um livro que sequer se sabia da sua existência. Claro que não tenho
essa pretensão, mas gosto de guardar e cuidar dos meus livros, sou bem exigente
com o cuidado e manuseio deles... sem contar nas primeiras edições e livros
autografados, que reluto em emprestar. Além disso, há uma passagem que Peter restaura uma obra que eu fiquei
completamente absorta e querendo aprender essa técnica tão delicada.
Em
um trecho em especial, Peter desiste
de vender os volumes de livros raros que encontrou. Os compra e doa em memória
de sua esposa para a Sala Devereaux (nome
da sala em homenagem à avó de Amanda)
– entendi perfeitamente esse gesto, pois já perdi as contas de quantos livros
que já li há anos, mas agora os encontro em sebos e sinto uma necessidade de
adquiri-los para tê-los na minha biblioteca. Só quem ama livros vai me
compreender!
A
leitura me prendeu até o final e o amor aos livros ‘de’ história, ‘com’ história
- já que a obra gira em torno de livros raros, autenticação e conservação deles
me emocionou. Penso exatamente como o protagonista Peter:
“...é minha paixão. Sei que pode parecer bobagem para algumas pessoas, mas é a maneira como quero mudar o mundo. Unir livros e pessoas que vão amá-los e preservá-los para a próxima geração.”
Adorei
essa obra e recomendo. Incrível como o amor e a cumplicidade de Peter e Amanda perdura mesmo após a morte de Amanda. A dedicação dele com as obras raras o salva da tristeza e
nos leva a uma fascinante viagem nesse mundo encantador. Com uma dose de
suspense viajamos junto com Peter e
aprendemos muito sobre esse mundo delicioso dos livros.
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