Há alguns dias terminei de ler a obra “Entre
Irmãs”, de Frances
de Pontes Peebles. Apesar de a leitura ter terminado, o enredo não saiu
da minha cabeça. A história me tocou profundamente e me deixou com os
sentimentos à flor da pele. O livro, além do entretenimento, é um convite à reflexão.
A
escritora é brasileira, hoje radicada em Chicago, então não vou negar que meu
coração palpitou de orgulho e admiração. Inclusive o livro foi adaptado e virou
filme e minissérie. Um sucesso!
O livro é um
épico que conta a história dramática e emocionante de duas irmãs no sertão de Pernambuco numa época de
grandes transformações políticas de nosso país: década de 1930 – era Vargas.
Adorei a forma
leve que a escritora delineou a história real do nosso Brasil com a história
das irmãs Luzia e Emília. Achei muito interessante a forma sutil como a
escritora conseguiu mostrar a sociedade da época, os costumes, as regras
ditadas pela ‘aristocracia’ dos coronéis, que na verdade perduram até hoje de
outra forma, mas com a mesma intensidade. Existem coisas e valores que,
infelizmente, nunca mudarão: dinheiro, fama e poder sempre falam mais alto.
Aparências são mais importantes do que a felicidade verdadeira. Mulheres sempre
relegadas a segundo plano e educadas para fazerem um ‘bom casamento’. Filhos homens
orientados a estudar e fazer fortuna. Enfim, situações que hoje até se tenta
modificar, mas no fundo continuam iguais.
Luzia e Emília vivem
em Taquaritinga aos cuidados da tia Sofia, que lhes ensinou o ofício de
costureira. Os dramas familiares e as dificuldades não impediram que as meninas
sonhassem e fossem felizes ao seu modo. Emília, sonhadora, deseja casar e mudar-se
para a cidade grande. Luzia se conforma com a realidade, atura o preconceito e
convive com as dificuldades de ter um braço enrijecido em consequência de um acidente
numa árvore quando criança.
Porém, a vida reserva
surpresas e o cangaço chega à Taquaritinga. Luzia, sem pestanejar, se une aos cangaceiros,
deixando a tia e a irmã sozinhas, já que não imagina outro rumo a dar para sua
vida nas condições que se encontra. Emília se casa e vai morar em Recife. Duas
vidas separadas pelas dificuldades e circunstâncias, mas a trama mostra que em
pensamento as duas irmãs estão mais próximas do que nunca, e isso me fascinou.
Não vou contar como
a história se desenvolveu para não tirar o prazer do leitor. O que me toca nos
livros é sempre o sentimento que eles deixam em nossos corações. Nessa obra, o
que me marcou foi que o tempo passou, as circunstâncias mudaram, cada irmã deu
rumo a sua vida, mas o amor que as uniu esteve sempre presente. Tudo que Luzia
fazia, pensava na irmã e o mesmo se dá com Emília. Isso é maravilhoso, pois
nota-se que o amor entre irmãos é o bem mais precioso que se pode ter e nada, nem
ninguém, consegue acabar. A distância física das meninas não impediu que uma
cuidasse da outra ao seu modo, da forma como era possível.
Devorei a obra
sonhando com o momento em que as duas irmãs pudessem se reencontrar – e esse
era o sonho delas também. O destino acaba unindo as irmãs de uma forma
inusitada e emocionante. No livro, elas não se encontram fisicamente, mas de
coração estão mais próximas e unidas do que nunca.
Fiquei
completamente absorta com a história do sertão nordestino. Pra nós parece impossível
viver naquela seca e em condições tão precárias. É muito triste saber que isso
existiu, e que talvez ainda existam famílias em situações de tamanha escassez. O
que mais me encantou foi perceber que apesar daquela triste realidade existia a
beleza dos sentimentos que as irmãs mantinham e levaram pra vida toda. Mesmo
separadas e sem conseguirem se comunicar, estavam sempre em sintonia, uma
pensando na outra e, de certa forma, lutando pela outra.
P.S.: Meu livro é autografado! Adoro meus livrinhos!
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