terça-feira, 23 de julho de 2024


 Minha mais linda e nobre missão: Catequista.


 Eu nunca acreditei que poderia ser Catequista, pensava que não seria capaz. Sou advogada por formação e catequista por vocação. Há algum tempo passei a estudar mais o Catolicismo. Mergulhei nos ensinamentos de Deus e de Maria, a Santa Mãe de Deus. Sempre tive vivência católica, minha família sempre foi muito envolvida com a Igreja, participei do grupo de jovens, retiros, coroação de Nossa Senhora, mas nunca havia me dedicado à evangelização. Meu pai sempre me dizia que eu deveria ser Catequista, mas eu achava que era apenas um estímulo de pai - como ele sempre fez comigo em todas as áreas da minha vida.

 O tempo foi passando e desde 2021 enfrento muitos desafios em minha vida pessoal: adoeci, enfrentei o tratamento oncológico e perdi meu pai. A fé sempre foi meu sustento, aliás, a fé sempre foi o sustento de minha família. Sem fé eu, certamente, não teria suportado tudo que aconteceu e da forma como aconteceu. Nossa Senhora me carregou no colo - como eu costumo dizer! O que eu não imaginava era que, em meio a tudo isso, eu receberia o convite para ser Catequista. Convite esse que me deu novos horizontes e esperança de dias melhores.

 Iniciei com certo receio, com cuidado, pois, apesar de ser filha de professora, não tinha experiência de compartilhar ensinamentos com crianças. Pedi para Nossa Senhora que me orientasse e entreguei a Ela os encontros com os Catequizandos. Para minha agradável surpresa, as crianças me acolheram com muito carinho e eu sempre digo que sou a que mais aprende nos encontros. Nossa Senhora foi muito generosa comigo: deu-me essa missão e me preparou para ela.

 Professar a fé e partilhar os ensinamentos de Jesus Cristo como Catequista foi o desafio mais especial que já recebi e vejo que mudou a minha vida. Ver a evolução, o respeito e a devoção das crianças por Jesus Cristo é algo enriquecedor. Hoje, continuo afastada das minhas funções laborativas por conta do tratamento, mas a Catequese preenche meus dias, aquece meu coração, me dá forças pra lutar e persistir. Os encontros de Catequese são muito edificantes. Espero ansiosa por aqueles momentos de partilha e acolhimento, onde as crianças descobrem o verdadeiro sentido da vida, da fé, da moral católica e do amor a Deus, criam laços afetivos e projetam a vida em comunhão com Deus, a Virgem Maria, os Santos e Anjos.

 O amor que recebo das crianças é tão grande e genuíno que acabou por contagiar meu marido também. Ao acompanhar minha caminhada com as crianças, ele se encantou, estudou, se preparou e hoje também assumiu essa linda missão. Atualmente, nossa vida está engajada na evangelização das crianças na Catequese – somos um casal de Catequistas realizados e muito felizes! Preparamos os encontros, organizamos o material, estudamos juntos, nos divertimos muito com tudo que compartilhamos e com tudo que aprendemos com as crianças. É realmente um presente de Nossa Senhora ter a oportunidade de sermos Catequistas e poder contribuir para o início da vida cristã de almas tão especiais como as crianças, sobretudo no mundo de hoje divorciado dos valores éticos e morais católicos.

 Em nossas orações diárias pedimos sempre que Deus fortaleça nossa fé e nos permita compartilhar conhecimento, fé e amor em todos os locais que estivermos. As sementes de hoje são as flores do amanhã. Que possamos bem semear e ter um jardim florido!

 Lisiê Bortolanza Ferraz e Francisco Corrêa Ferraz, Catequistas Eucaristia 1.

domingo, 24 de julho de 2022

Doação de Sangue e de cabelo

Francisco (meu marido) doando sangue

Quero fazer um agradecimento especial àqueles que doaram sangue pra mim. Eu precisava de cinco doadores, mas meus amigos generosos compareceram em peso e consegui 16 doadores (a lista continua subindo, porque alguns ainda estão indo doar - graças a Deus, porque não ajudam só a mim, mas há dezenas de pessoas). 

Uma única doação de sangue, é possível salvar até quatro vidas, uma vez que o material é separado em diferentes hemocomponentes: concentrado de hemácias (glóbulos vermelhos); concentrado de plaquetas; plasma; e crioprecipitado - que podem ser utilizados em diversas situações clínicas. Isso significa que, se você doar a cada três meses, pode ajudar a manter vivas até doze pessoas.

Para se entender o impacto das doações, o baixo estoque de sangue em um hospital pode levar ao cancelamento de cirurgias e outros procedimentos. Um exemplo é o paciente que faz quimioterapia e que, caso não receba o suporte de transfusão, poderá não resistir ao tratamento.

É importante saber que uma pessoa adulta possui, em média, cinco litros de sangue em seu corpo e, em uma doação, são coletados no máximo 450 ml do líquido. A quantidade representa menos de 10% de todo o sangue presente no organismo.

O hospital não nos fornece os dados completos, só informa o número de doadores, mas agradeço àqueles que sei que doaram: Francisco, Maigregor Baruffi, Alexandro Pagnussat, quatro funcionários da Todeschini Passo Fundo que eu não sei os nomes, Glauco Picinini, Marina Borowsky, Cristiano Castilhos, Eliéser Machado, Fabi Vieira, Juliana, Fabrício, Carla. Um obrigada especial também às amigas que se dispuseram a doar cabelo pra mim: Tatiana Fortes Rabello e Eloize Cristina, vocês me deixaram emocionadas com tamanha generosidade – eu só vi o valor que o cabelo tem, pra nós mulheres, quando eu perdi.

Após ter recolocado a prótese capilar

Espero não ter esquecido de ninguém. Mas se esqueci de listar aqui, saibam que Nossa Senhora lembra-se de vocês todos os dias, vocês estão em meu coração e sou eternamente grata a tudo que fizeram por mim. Quem tem um amigo, tem um tesouro... então, eu sou extremamente abençoada (e rica) por ter todos vocês! Obrigada!

 

Cicatriz da minha cirurgia no fígado
 

Não sei se fui forte durante essa jornada que ainda não terminou, pois tiveram muitos dias que achei que não iria conseguir, mas corajosa sei que fui, pois desde o primeiro momento determinei que eu iria lutar com todas minhas forças e da melhor forma que eu pudesse. Até porque lutar sempre foi minha única alternativa. Pra mim não existe a opção desistir. Eu queria e quero viver! Quero ficar bem velhinha! Sei que só consegui enfrentar tudo até aqui porque Nossa Senhora desde o início da minha vida preparou todo o caminho colocando amigos, familiares e médicos mais do que especiais na minha vida. Minha eterna gratidão a todos – vocês fazem parte da minha cura! Cada gesto, cada mensagem, cada oração me sustentaram e me fizeram chegar até aqui. Obrigada!

Agora sigo o restante da caminhada! Sei que o pior já passou e agora falta pouco pra minha cura: refarei exames para avaliação e a cirurgia no intestino deve estar próxima. Mas minha missão talvez seja a de conscientizar todos vocês. Cuidem-se! Eu sempre fui extremamente cautelosa e cuidadosa com minha saúde. Sempre fiz os exames regularmente e até mais do que o necessário. Porém, essa doença estava no meu caminho...

Ambulatório Oncológico HSVP - unidade II

A vida me deu um limão – dos mais azedos... mas, estou tentando fazer uma caipirinha! Será só uma provação! Vou superar tudo isso com a ajuda de vocês! Mil vezes obrigada por tudo!

sábado, 23 de julho de 2022

Não me canso de agradecer!

Quero agradecer aos amigos, familiares e conhecidos que me ajudaram de uma forma que eu nem poderia imaginar. Pessoas que eu só conhecia ‘de vista’ me mandaram mensagens, se colocaram a disposição e até fizeram novenas. Os amigos próximos e familiares então, nem tenho palavras. As minhas amigas (e amigos) tenho certeza que são anjos, sempre presentes, me enchendo de presentes, ligações, mensagens, sempre dispostas a irem comigo no hospital, nas consultas, ouvindo meus medos e angústias, dando suporte aos meus pais e marido. Tiveram várias que nunca esqueceram um dia sequer de químio - me mandavam mensagens no dia certinho das sessões. Teve uma que até conseguiu me visitar no Pronto Atendimento (que era proibido por conta da pandemia, mas essa amiga não existe, não pode ser real! Inclusive ela nem mora em Passo fundo – pensa!). Não vou listar os nomes, porque esse texto viraria um livro, mas cada um de vocês sabe da minha gratidão eterna. 


Em casa quando precisei de sonda nasogástrica
para me alimentar por 26 dias devido à mucosite.



Quanto ao Francisco não tenho o que dizer. Nunca imaginei tamanha dedicação, dia após dia firme do meu lado, enfrentando tudo e ainda dizendo que eu estava linda, mesmo quando eu estava careca e pesando 40 kg! Ele também emagreceu – todo mundo notou, mas ele jura que não! Eu jamais poderia ter um marido melhor, na verdade acho que eu nem merecia tanto. Tenho certeza que foi Nossa Senhora que o colocou na minha vida, porque não sei explicar tamanho amor, zelo, dedicação e presença. 




No HSVP - unidade I
quando tive mucosite


No HSVP, unidade II, após cirurgia no fígado

Acesso externo no pescoço para
alimentação parenteral



Meu cabelo nascendo!


3 meses da cirurgia no fígado
e sem prótese capilar (indo recolocar a prótese)

Minha mãe correndo como louca, querendo ser tão presente que até tive que pedir para me deixar um pouco sozinha (eu adoro ficar sozinha), fazia mil comidas pra me agradar e eu completamente sem apetite. Até no hospital ela me levava comidas gostosas e os bolos maravilhosos quando minha dieta foi liberada. A minha mãe foi e é uma fortaleza. A única que ficou em pé desde o começo. Nunca esmoreceu na minha frente, nunca se desesperou e sempre estava pronta pra tudo. Meu pai tentando ajudar do jeito dele, me cobrindo de frutas que ele mesmo cultivou, mas que nem em 50 anos eu conseguiria comer, cheio de medos, mas sendo o melhor pai que ele poderia ser. Meu irmão nunca se mostrou abalado na minha frente, mas acho que ele pensou que eu ia morrer, pois só o fato de toda semana estar aqui em casa, percebi que o medo também o pegou. Só Nossa Senhora pra recompensá-los porque nunca serei capaz. Mil vezes obrigada, tenham a certeza que cada oração que fizeram por mim, cada mensagem, cada ligação fizeram a diferença nessa minha caminhada. Agradeço também pelo carinho com meu marido e meus pais, pois eles foram os que mais sofreram - tenho certeza. 

 Agradeço imensamente aos Padres Nelson, Ari, Ivanir e ao Arcebispo Don Rodolfo - os srs. me acolheram e me deram suporte espiritual o tempo todo e continuam ao meu lado, inclusive ministraram o belíssimo e indispensável Sacramento da Unção dos Enfermos que eu tenho certeza que me fortaleceu e me preparou pra toda essa batalha.

Arcebispo Don Rodolfo
Catedral Nossa Senhora aparecida de Passo Fundo - RS)


Pe. Ari
Catedral Nossa Senhora Aparecida de Passo Fundo - RS

Pe. Nelson
Catedral Nossa Senhora Aparecida de Passo Fundo - RS

Pe. Ivanir
 (Igreja Nossa Senhora de Fátima de Passo Fundo - RS

Alguns presentes que ganhei: 













Seguem mais posts sobre minha história... acompanhem!

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Aos anjos que Deus colocou em minha vida

Quero agradecer ao meus médicos, pois estou viva! Sem eles nada seria posssível! Drs., vocês são anjos que Deus colocou em minha vida, vocês salvaram minha vida, não só com a excelência no tratamento, competência, habilidade e sabedoria, mas com carinho, atenção, dedicação e amor. Além de extremamente competentes, vocês são pessoas maravilhosas que sempre cuidaram de mim e de toda minha família de uma forma que não tenho como descrever com palavras. Eu nunca poderei agradecer o suficiente. Rezo todos os dias para que Nossa Senhora abençoe vocês infinitamente. Obrigada, também, por além de cuidarem de mim, cuidarem da minha família. Sem o carinho e orientação de vocês não seria possível passar por tudo isso. Vocês com tamanha competência passaram pra todos nós muita segurança desde o início. Obrigada do fundo do meu coração.



Dra. Helena Fauth


Obrigada à Dra. Helena Vitória Fauth, ginecologista, que nos exames de rotina descobriu o tumor e já me encaminhou para os melhores profissionais que eu poderia desejar. Sem esse cuidado da Dra. Helena certamente eu só descobriria tarde demais. Então agradeço imensamente por ela ter diagnosticado rapidamente.






Obrigada ao Dr. Daniel Navarini, Mestre e Doutor em Medicina – Cirurgia, Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo, Professor da Faculdade de Medicina UPF, Membro titular do CBDC, que organizou todo o tratamento com rapidez, agilidade, competência e maestria. O Dr. Daniel me operou (fígado e logo o intestino) com tamanha habilidade que não tenho nem como descrever. Agradeço também pela paciência com meus emagrecimentos e com minhas angústias. 





Ao Dr. Diego Reffati, cirurgião do Aparelho Digestivo, que acompanhou as cirurgias e colocou o meu catéter para eu poder iniciar o tratamento quimioterápico com uma rapidez louvável (12 dias do diagnóstico já estávamos colocando o catéter).


 




Ao Dr. Ramir Perin, coloproctologista, que acompanhou o tratamento, as cirurgias e fez meus exames com precisão, sem contar nas palavras de conforto tanto pra mim como para meus familiares. 







À Dra. Loane Rottenfusser, gastroenterologista, que cuidou da minha alimentação parenteral no hospital, recuperando meu peso e reestabelecendo minha nutrição.







Ao Dr. Carlos Augusto Madalosso, Cirurgião Digestivo e Bariátrico, que com suas palavras de apoio sempre me deram força, coragem e fé. 





Dr. Felipe Thomé dos Santos

Obrigada ao Dr. Felipe Thomé dos Santos, oncologista, que cuidou de mim desde o começo, com atenção, carinho, paciência (sempre querendo que eu engordasse um pouquinho!) sempre com um sorriso animador e com tamanha competência que não sei nem como agradecer. 


Dr. Paulo Floss

Ao Dr. Paulo Marcelo Floss, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia, que faz meus exames preventivos há anos e seu trabalho foi decisivo para o diagnóstico. 


 Obrigada também a todos os funcionários da clínica Gastrobese, aos enfermeiros e técnicos de enfermagem que me atenderam com tanta atenção e carinho nas clínicas dos meus médicos, no Ambulatório de Oncologia durante as quimioterapias e no Hospital São Vicente de Paulo – unidades I e II. Agradeço desde o mais alto cargo do Hospital São Vicente de Paulo até o mais singelo. Obrigada igualmente a todas secretárias, funcionários(as), residentes, doutorandos(as), plantonistas e colaboradores dos meus médicos. Obrigada às nutricionistas que tiveram muito trabalho pra me fazer comer e as fisioterapeutas que praticamente tentaram me transformar em fitness desde a UTI! Às meninas da copa e da limpeza o meu agradecimento. Todas me trataram sempre muito bem e faziam um esforço enorme pra me ajudar com as comidas, sempre tentando me agradar e trazendo comidinhas gostosas pra me animar a comer. Agradeço também à equipe de anestesiologistas do Serviço Passofundense de Anestesiologistas, vocês foram impecáveis e carinhosas. Depois do ‘vou te dar uma cachacinha’ não via mais nada e acordava como se estivesse na minha cama, em casa, sem qualquer mal-estar ou reação.


Equipe do Ambulatório de Oncologia HSVP
.

Um obrigada especial à Vanessa da Rosa que com tanta delicadeza e profissionalismo me devolveu a autoestima quando eu perdi o cabelo. Tenho certeza que a prótese capilar mais linda que ela já produziu foi a minha, pois no momento que ela colocou eu me senti curada e a mais bela das mulheres (modesta, eu!).

Vanessa - Sher saúde e estética

À Podóloga top Janete Argenta, meu carinho e agradecimento. Quando minhas cutículas infeccionaram ela me atendeu no mesmo dia e eu saí da clínica praticamente sem dor. Literalmente entrei chorando de dor e saí sorrindo por ter reencontrado essa amiga amorosa e competentíssima depois de uns 30 anos e estar sem dor.


Aos meus dentistas que foram incansáveis com o laser e com as palavras de incentivo: Dr. Domingos Justen, Gabriela Justen e Renato Sawazaki.


 

À minha personal Tatiana Machado que foi carinhosa e pacienciosa comigo – uma sedentária convicta! Aos poucos fomos desenvolvendo o trabalho e rapidamente recuperei o tônus muscular.


Personal Tati Machado

Eu continuo contando essa minha caminhada nos próximos posts. Acompanhe!

Minha caminhada na luta contra o câncer.


Hoje terminei a 12° sessão de quimioterapia – a última! Oito meses após do diagnóstico devastador que eu recebi.

Oito meses de luta contra o Câncer de Intestino, com Metástase no Fígado. 43 anos. Sem sintomas e com todos os exames em dia.

Alguns vocês já conhecem a minha história, mas agora aos poucos vou postar toda a minha caminhada, não pra me expor na tentativa de receber likes, mas, pra alertar todos vocês.


Se você tem 40 anos, por favor, faça uma colonoscopia. Eu sei que o protocolo é a partir dos 45 anos pra quem tem histórico familiar, mas eu – que não tenho histórico familiar e não tinha nenhum sintoma, tive com 43 anos e já com metástase, o que significa que o tumor do intestino se instalou por volta dos 40/41 anos. Os casos na casa dos 40 anos estão se multiplicando. Cada dia sei de mais casos. Se eu tivesse feito colonoscopia aos 40 anos, teria pego um suposto pólipo e já o teria retirado na própria colonoscopia ficando livre desse pesadelo. Mas eu não fiz porque não era o protocolo e porque nunca tive nenhum sintoma. O suposto pólipo virou tumor no intestino e enviou células cancerígenas para o fígado - fez metástase.




 Por favor, evite isso. O tratamento é muito mais árduo do que você imagina e aos poucos vou contar aqui. Mas hoje é dia de agradecer por eu ter tido a oportunidade de me tratar com os melhores médicos e profissionais que alguém poderia sonhar, por ter os melhores amigos e familiares que alguém pode ter e por estar viva, feliz e quase curada! Agora só faltam novos exames e a cirurgia no intestino.

Continuo contando minha caminhada nos próximos posts! Acompanhe!

 

sábado, 20 de novembro de 2021

Amor como nunca pude sequer imaginar


Em dezembro deste ano de 2021 fará vinte e três anos que eu e meu marido nos conhecemos. É incrível como o tempo passa rápido e a gente nem se dá conta, mas basta vir uma lembrança e toda história vem à mente com uma força extraordinária.


Naquele dezembro de 1998 fui à faculdade para ver notas, afinal, era final de semestre e queria logo entrar em férias. Olhei as notas e encontrei dois colegas que nunca tinha visto (era meu futuro marido e um amigo dele, que inclusive foi nosso padrinho de casamento mais tarde). Cumprimentamo-nos cordialmente e trocamos poucas palavras, mas foi ali no átrio do prédio da Faculdade de Direito de Passo Fundo que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Fiquei tão atrapalhada ao fixar meu olhar naqueles olhos verdes faiscantes pela primeira vez que não consegui assimilar o nome dele, acreditem, não conseguia lembrar o nome dele e dali em diante, nas conversas entre as amigas, ele foi 'batizado' de ‘Verdinho’, por conta da camisa verde que ele usava.


 

Engraçado que mesmo atordoada com a situação, não esqueço da roupa que eu estava: uma camiseta baby-look rosa pink e calça 'bailarina' preta (Senhor! Piedade!) e ele, garboso como sempre, estava vestido auto-esporte com a tão falada camisa verde xadrez, que até hoje tenho ela vívida em minha memória.

O tempo passou e não o vi mais por um longo período. Achei que ele fosse aqueles colegas de cidades do interior, que só vinham pra cá na hora das aulas e que cursasse no turno diverso ao meu, pois nunca o encontrei em nenhum local. Como para tudo tem o tempo certo, hoje sei que aquele momento não era o certo pra nós iniciarmos um relacionamento, ambos estávamos organizando nossas vidas para um futuro que acredito que já estava escrito pra nós e que nós sequer imaginávamos.

Em 29 de outubro de 1999 – quase um ano depois, quem diria que iríamos nos encontrar novamente! Era uma quinta-feira quente, saí da aula (cursava faculdade à noite) e eu uma amiga fomos dar uma ‘passadinha’ no Boca – point dos universitários da época. Ao chegarmos, assim que o vi, já senti aquela adrenalina. Eu, logicamente, não o tinha esquecido. Trocamos olhares, mas nada além disso. Como era quinta-feira e no dia seguinte eu teria de trabalhar cedo, às 23h eu ‘virava abóbora’, como costumávamos dizer. Ao sair, vi que ele me fez um gesto como que me dizendo que era cedo. Mas, fazer o que?!?

 

Frustrada, fui para casa e segui minha rotina corrida de estudante e estagiária, mas ele não me saía dos pensamentos. Afinal, agora eu sabia que poderia encontrá-lo novamente. Alguma coisa me dizia que não era só um colega charmoso e um simples flerte. 

 

Na tarde seguinte eu tinha meus compromissos de trabalho e um deles era de ir ao Fórum. Antes de ir, passei numa loja para fazer um favor para meu pai. Entrei na loja, deixei as mercadorias, falei com o vendedor e saí. Nem olhei para os lados. Nem vi quem mais estava na loja. Só se eu não me conhecesse, pois sou bem assim, sempre correndo e focada no que estou fazendo... mas, se eu tivesse dado uma olhadinha, teria o visto ali... bem pertinho de mim.

 

Chegando ao Fórum, fui resolver minhas coisas e uma delas dependia de ir no Posto da OAB pegar a movimentação de alguns processos. Sim. Ainda não existia pesquisa on line dos processos e tínhamos que pegar o movimento atualizado na OAB antes de nos dirigirmos às Varas. Foi a minha sorte e logo descobri que eu estava certa, nosso encontro não tinha sido uma simples paquera.

 

Eis que ele me viu na loja, obviamente, e foi atrás de mim até o Fórum e assim já realizava suas atividades profissionais também. Confesso que quando senti seu toque no meu ombro e o vi, mal acreditei e minhas pernas quase fraquejaram. Aproveitei os processos que eu tinha nos braços pra disfarçar o nervosismo. Sinto até um calor no peito hoje ao recordar esses detalhes, é incrível como sentimentos bons não abandonam nossas memórias.

 

Quando ele me perguntou ‘aonde vamos hoje’? Apesar de ter ouvido bem o ‘nós’, nem titubiei e respondi imediatamente que ‘acho que nós vamos no Boca novamente’! Ao que ele me respondeu ‘está bem, até à noite’! Que jeito mais estranho de marcar encontro, mas eu amei e saí dali com o coração aos pulos, até porque às vezes as coisas dão certo de um jeito estranho ou inesperado. Já comecei organizar meus horários: sair do escritório, ir pra casa, tomar banho, me arrumar, ir na aula, pegar minhas amigas e finalmente ir ao Boca! Haja cabeça pra trabalhar o resto da tarde. Saí do fórum e passei na loja que minha amiga trabalhava e já combinei tudo. Agora bastava segurar a ansiedade até às 22h30min que era o horário que terminava minha aula de sexta-feira. Ah, dessa aula da sexta-feira não lembro sequer a matéria, mas a voz dele conversando comigo no Fórum, o beijo leve no meu rosto, o seu perfume e os rumores das pessoas no entorno, isso sim, ecoam na minha cabeça até hoje!

 

Chegando ao Boca, já o avistei. Lembro tanto da roupa dele, quanto da minha. Ele, lindo e charmoso como sempre estava com uma calça de sarja azul marinho e camisa. Chiquérrimo e gato como sempre. Eu de saia vermelha e blusa branca, aproveitei colocar um salto altíssimo que eu amava. Sem saber, estávamos num grenal invertido! De certa forma, acho que acertei nas cores, pois agradei ao colorado que eu já estava apaixonada, e ele, sem saber, estava com as cores do time (grêmio) que hoje confesso que abandonei por amor.

 

Lá pelas tantas, ele veio à nossa mesa e conversamos, saímos dar uma volta e naquela noite foi nosso primeiro beijo. Não preciso dizer que depois dessa noite minha vida nunca mais foi a mesma, ou melhor, essa noite foi a primeira noite do resto da minha vida! Tudo que eu tinha no meu conceito de amor e paixão mudou ali. Parece piegas ou exagero, mas não é. Ali eu sabia que rumo minha vida teria.

 

Parece impossível, mas no momento em que eu não esperava encontrar ou conhecer alguém especial, eu conheci a pessoa mais incrível e especial que eu poderia imaginar e conheci o amor de uma forma que eu achava que não seria possível. Jamais imaginei que o amor seria um sentimento tão forte quanto o que sinto por ele.

 

Encontramo-nos várias vezes depois dessa noite, chegou o final do ano, ele se formou e a vida se encarregou de nos separar temporariamente. Ele foi morar na capital para fazer cursos de aperfeiçoamento e aprofundamento e eu continuei com a faculdade aqui em Passo Fundo, pois faltava ainda um semestre para eu me formar. Nossos sonhos profissionais estavam dando uma atrasada na nossa vida amorosa e dentre tantas expectativas de trabalho, sonhos, dúvidas e medos, eu só tinha uma certeza: de que eu já havia encontrado o homem da minha vida.

 

Foi um período bem difícil, com saudades, encontros e desencontros, mas em 04 de fevereiro de 2001, finalmente o destino nos colocou frente à frente e desse dia em diante não nos separamos mais.

 

Hoje olho para trás e vejo nossos 5 anos e 10 meses  de namoro, 10 meses de noivado e quase 14 anos de casamento como uma linda caminhada (faltam 4 dias para nosso aniversário de 14 anos de casamento – Bodas de Marfim - dia 24/11/2007).

 

Casei apaixonada pelo meu marido e continuo apaixonada. Aliás, estou cada dia mais apaixonada. O dia do nosso casamento foi o dia mais feliz da minha vida. Um dia só nosso, um dia para celebrar o amor verdadeiro, o nosso amor. Um amor sem cobranças ou obrigações. Um amor puro e verdadeiro, um sentimento que eu não sabia que poderia ser tão intenso.

 

Cada dia é uma alegria nova e construímos uma vida alicerçada no amor verdadeiro, companheirismo, amizade, cumplicidade, fidelidade e lealdade. Já pensei em fazer uma tatuagem em nossa homenagem – e olha que não sou simpatizante a tatuar o corpo, mas na verdade sei que nada que marcasse minha pele seria mais forte ou profundo que a marca que ele fez em minha alma. Sou completamente arrebatada por esse homem que há mais de vinte anos apareceu na minha vida. Destino? Talvez, mas só sei que só tenho a agradecer a Deus e a Nossa Senhora, por esse verdadeiro presente na minha vida.