sábado, 2 de junho de 2012

O Tempo e o Vento

A minha alegria é ler um bom livro e saber que o seu filme está “a caminho”. Só de saber que vou ver retratada pela sétima arte aquela história que já me emocionou através do livro, fico ansiosa! Todos vocês devem ter ouvido que logo teremos a filme “O Tempo e o Vento”, certo? Por isso hoje quero compartilhar com vocês a minha admiração por esta obra e por seu autor.


O escritor gaúcho Erico Verissimo (1905-1975) me fascina, tanto pela forma de escrever, como pelas histórias. Desde a minha adolescência o admiro e leio suas obras, sendo que “O Tempo e o Vento”, sem dúvida é aquela que eu guardo como a mais linda obra gaúcha.

O tipo de história que me fascina é certamente esse: vários personagens com histórias interligadas, saga familiar, dramas, alegrias, amores, legados de gerações, tradições e costumes, tendo como pano de fundo fatos históricos verídicos.

A trilogia “O Tempo e o Vento” é considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do Sul. É um romance épico e histórico dividido em “O Continente”, “O Retrato”, e, “O Arquipélago”. Com narrativa simples e eficaz a obra encanta e fascina contando a história do nosso Estado gaúcho, de 1680 até 1945, através da saga das famílias Terra e Cambará de forma envolvente e emocionante. Após ler a obra completa (a trilogia engloba 07 livros!) certamente você vai ficar com uma passagem, uma frase, um diálogo marcado... A forma como Verissimo descreve os fatos, marca o tempo e descreve psicologicamente os personagens são de uma sensibilidade pouco encontrada.


“Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.Tinha um violão a tiracolo; sua espada, apresilhada aos arreios, rebrilhava ao sol daquela tarde de outubro de 1828 e o lenço encarnado que trazia ao pescoço esvoaçava no ar como uma bandeira. Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido: – Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!”  (trecho de “O Continente”)

O título dessa magnífica obra se deu porque as mulheres retratadas na história, em sua maioria, são fortes, guardiãs dos valores morais e familiares e constantes como o tempo; e os personagens homens, aparecem como elemento desestabilizador, imprevisíveis como o vento.

O Tempo e o Vento virou minissérie brasileira em 1985. Toda a minissérie retrata apenas a história contida na parte Continente (justamente aquela que mais me encanta!) e é incrivelmente fiel à obra de Erico Verissimo, inclusive com idênticos diálogos que emocionam pela força e dramaticidade. Vale a pena conferir – provavelmente você conseguirá adquirir pela internet ou locar por aí. Serão horas de intenso prazer e cultura. Recomendo... Eu até já perdi a conta de quantas vezes assisti...

Os personagens inesquecíveis, pelo menos pra mim, serão sempre a Ana Terra, vivida por Glória Pires, o Capitão Rodrigo Cambará – por Tarcísio Meira, Bibiana Terra - por Louise Cardoso, Pe. Lara - por Mário Lago.*

"Sempre que me acontece alguma coisa importante está ventando" (Ana Terra)

Claro que eu indico a leitura completa dessa trilogia - ela não se torna cansativa pela complexidade dos personagens, riqueza da narrativa e dos detalhes (eu já li a obra toda por duas vezes).  Indico, também, que assistam a minissérie – é maravilhosa e, como eu já disse, totalmente fiel à narrativa de Verissimo.

Agora nos resta aguardar por essa história maravilhosa nos cinemas... e nos resta a esperar pra ver se vai ser tão perfeita e fiel quanto à minissérie! Mal posso esperar!!

*artistas que interpretaram os personagens na minissérie.

2 comentários:

  1. Existe um quê de doçura nessa história repleta de guerra, morte e conflitos... Eu, assim coo você, estou ansiosíssima esperando pelo filme; estou apostando minhas fichas na intensidade, beleza e riqueza de detalhes da trama mantendo a fidelidade a obra do grande Veríssimo. Achei a escolha do elenco fantástica, o Thiago Lacerda, a meu ver, tem trilhado um caminho de ouro na sua vida artística, e Fernanda Montenegro e Paulo Goulart dispensam comentários... Também me encanta ler, ter visto a minissérie e agora esperar o filme, dá um orgulho sem fim do nosso Rio Grande amado, da sua cultura imortalizada numa obra tão fascinante, dos costumes, da tradição da nossa terra; ainda mais agora, morando em um estado tão distante da minha raíz, é mais perceptível o valor de tudo que temos ai no Sul!
    Amiga, assim como você, estou só pelo filme agora.. e que seja um sucesso; que nos encante, emocione e nos leve junto nessa viagem O tempo e o vento!!

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    1. Isso aí Debbie!!! Estamos "só pelo filme"!! Também achei acertada a escolha dos atores, se bem que pra mim o Tarcisio Meira será o eterno Capitão Rodrigo!! ahah Concordo contigo que dá um mega orgulho do nosso Estado! Bjãoooo e obrigada por comentar e seguir o blog!

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