O escritor gaúcho Erico Verissimo
(1905-1975) me fascina, tanto pela forma de escrever, como pelas histórias.
Desde a minha adolescência o admiro e leio suas obras, sendo que “O Tempo e o
Vento”, sem dúvida é aquela que eu guardo como a mais linda obra gaúcha.
O tipo de história que me
fascina é certamente esse: vários personagens com histórias interligadas, saga
familiar, dramas, alegrias, amores, legados de gerações, tradições e costumes,
tendo como pano de fundo fatos históricos verídicos.
A trilogia
“O Tempo e o Vento” é considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do
Sul. É um romance épico e histórico dividido em “O Continente”, “O
Retrato”, e, “O Arquipélago”. Com narrativa simples e eficaz a obra encanta e
fascina contando a história do nosso Estado gaúcho,
de 1680
até 1945,
através da saga das famílias Terra e Cambará de forma envolvente e emocionante.
Após ler a obra completa (a trilogia engloba 07 livros!) certamente você vai
ficar com uma passagem, uma frase, um diálogo marcado... A forma como Verissimo
descreve os fatos, marca o tempo e descreve psicologicamente os personagens são
de uma sensibilidade pouco encontrada.
“Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo
Cambará entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém
sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de
macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo
tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta,
montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o
busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de
metal.Tinha um violão a tiracolo; sua espada, apresilhada aos arreios,
rebrilhava ao sol daquela tarde de outubro de 1828 e o lenço encarnado que
trazia ao pescoço esvoaçava no ar como uma bandeira. Apeou na frente da venda
do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as
esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com
ar de velho conhecido: – Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos
grandes dou de talho!” (trecho de “O
Continente”)
O título dessa magnífica obra
se deu porque as mulheres retratadas na história, em sua maioria, são fortes,
guardiãs dos valores morais e familiares e constantes como o tempo; e os
personagens homens, aparecem como elemento desestabilizador, imprevisíveis como
o vento.
O Tempo e o Vento virou minissérie
brasileira
em 1985. Toda a minissérie retrata apenas a história contida na parte
Continente (justamente aquela que mais me encanta!) e é incrivelmente fiel à
obra de Erico Verissimo, inclusive com idênticos diálogos que emocionam pela
força e dramaticidade. Vale a pena conferir – provavelmente você conseguirá
adquirir pela internet ou locar por aí. Serão horas de intenso prazer e cultura.
Recomendo... Eu até já perdi a conta de quantas vezes assisti...
Os personagens inesquecíveis,
pelo menos pra mim, serão sempre a Ana Terra, vivida por Glória Pires, o
Capitão Rodrigo Cambará – por Tarcísio Meira, Bibiana Terra - por Louise
Cardoso, Pe. Lara - por Mário Lago.*
"Sempre que me
acontece alguma coisa importante está ventando" (Ana Terra)
Claro que eu indico a leitura
completa dessa trilogia - ela não se torna cansativa pela complexidade dos
personagens, riqueza da narrativa e dos detalhes (eu já li a obra toda por duas
vezes). Indico, também, que assistam a
minissérie – é maravilhosa e, como eu já disse, totalmente fiel à narrativa de
Verissimo.
Agora nos resta aguardar por essa
história maravilhosa nos cinemas... e nos resta a esperar pra ver se vai ser
tão perfeita e fiel quanto à minissérie! Mal posso esperar!!
*artistas
que interpretaram os personagens na minissérie.
Existe um quê de doçura nessa história repleta de guerra, morte e conflitos... Eu, assim coo você, estou ansiosíssima esperando pelo filme; estou apostando minhas fichas na intensidade, beleza e riqueza de detalhes da trama mantendo a fidelidade a obra do grande Veríssimo. Achei a escolha do elenco fantástica, o Thiago Lacerda, a meu ver, tem trilhado um caminho de ouro na sua vida artística, e Fernanda Montenegro e Paulo Goulart dispensam comentários... Também me encanta ler, ter visto a minissérie e agora esperar o filme, dá um orgulho sem fim do nosso Rio Grande amado, da sua cultura imortalizada numa obra tão fascinante, dos costumes, da tradição da nossa terra; ainda mais agora, morando em um estado tão distante da minha raíz, é mais perceptível o valor de tudo que temos ai no Sul!
ResponderExcluirAmiga, assim como você, estou só pelo filme agora.. e que seja um sucesso; que nos encante, emocione e nos leve junto nessa viagem O tempo e o vento!!
Isso aí Debbie!!! Estamos "só pelo filme"!! Também achei acertada a escolha dos atores, se bem que pra mim o Tarcisio Meira será o eterno Capitão Rodrigo!! ahah Concordo contigo que dá um mega orgulho do nosso Estado! Bjãoooo e obrigada por comentar e seguir o blog!
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