sábado, 20 de novembro de 2021

Amor como nunca pude sequer imaginar


Em dezembro deste ano de 2021 fará vinte e três anos que eu e meu marido nos conhecemos. É incrível como o tempo passa rápido e a gente nem se dá conta, mas basta vir uma lembrança e toda história vem à mente com uma força extraordinária.


Naquele dezembro de 1998 fui à faculdade para ver notas, afinal, era final de semestre e queria logo entrar em férias. Olhei as notas e encontrei dois colegas que nunca tinha visto (era meu futuro marido e um amigo dele, que inclusive foi nosso padrinho de casamento mais tarde). Cumprimentamo-nos cordialmente e trocamos poucas palavras, mas foi ali no átrio do prédio da Faculdade de Direito de Passo Fundo que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Fiquei tão atrapalhada ao fixar meu olhar naqueles olhos verdes faiscantes pela primeira vez que não consegui assimilar o nome dele, acreditem, não conseguia lembrar o nome dele e dali em diante, nas conversas entre as amigas, ele foi 'batizado' de ‘Verdinho’, por conta da camisa verde que ele usava.


 

Engraçado que mesmo atordoada com a situação, não esqueço da roupa que eu estava: uma camiseta baby-look rosa pink e calça 'bailarina' preta (Senhor! Piedade!) e ele, garboso como sempre, estava vestido auto-esporte com a tão falada camisa verde xadrez, que até hoje tenho ela vívida em minha memória.

O tempo passou e não o vi mais por um longo período. Achei que ele fosse aqueles colegas de cidades do interior, que só vinham pra cá na hora das aulas e que cursasse no turno diverso ao meu, pois nunca o encontrei em nenhum local. Como para tudo tem o tempo certo, hoje sei que aquele momento não era o certo pra nós iniciarmos um relacionamento, ambos estávamos organizando nossas vidas para um futuro que acredito que já estava escrito pra nós e que nós sequer imaginávamos.

Em 29 de outubro de 1999 – quase um ano depois, quem diria que iríamos nos encontrar novamente! Era uma quinta-feira quente, saí da aula (cursava faculdade à noite) e eu uma amiga fomos dar uma ‘passadinha’ no Boca – point dos universitários da época. Ao chegarmos, assim que o vi, já senti aquela adrenalina. Eu, logicamente, não o tinha esquecido. Trocamos olhares, mas nada além disso. Como era quinta-feira e no dia seguinte eu teria de trabalhar cedo, às 23h eu ‘virava abóbora’, como costumávamos dizer. Ao sair, vi que ele me fez um gesto como que me dizendo que era cedo. Mas, fazer o que?!?

 

Frustrada, fui para casa e segui minha rotina corrida de estudante e estagiária, mas ele não me saía dos pensamentos. Afinal, agora eu sabia que poderia encontrá-lo novamente. Alguma coisa me dizia que não era só um colega charmoso e um simples flerte. 

 

Na tarde seguinte eu tinha meus compromissos de trabalho e um deles era de ir ao Fórum. Antes de ir, passei numa loja para fazer um favor para meu pai. Entrei na loja, deixei as mercadorias, falei com o vendedor e saí. Nem olhei para os lados. Nem vi quem mais estava na loja. Só se eu não me conhecesse, pois sou bem assim, sempre correndo e focada no que estou fazendo... mas, se eu tivesse dado uma olhadinha, teria o visto ali... bem pertinho de mim.

 

Chegando ao Fórum, fui resolver minhas coisas e uma delas dependia de ir no Posto da OAB pegar a movimentação de alguns processos. Sim. Ainda não existia pesquisa on line dos processos e tínhamos que pegar o movimento atualizado na OAB antes de nos dirigirmos às Varas. Foi a minha sorte e logo descobri que eu estava certa, nosso encontro não tinha sido uma simples paquera.

 

Eis que ele me viu na loja, obviamente, e foi atrás de mim até o Fórum e assim já realizava suas atividades profissionais também. Confesso que quando senti seu toque no meu ombro e o vi, mal acreditei e minhas pernas quase fraquejaram. Aproveitei os processos que eu tinha nos braços pra disfarçar o nervosismo. Sinto até um calor no peito hoje ao recordar esses detalhes, é incrível como sentimentos bons não abandonam nossas memórias.

 

Quando ele me perguntou ‘aonde vamos hoje’? Apesar de ter ouvido bem o ‘nós’, nem titubiei e respondi imediatamente que ‘acho que nós vamos no Boca novamente’! Ao que ele me respondeu ‘está bem, até à noite’! Que jeito mais estranho de marcar encontro, mas eu amei e saí dali com o coração aos pulos, até porque às vezes as coisas dão certo de um jeito estranho ou inesperado. Já comecei organizar meus horários: sair do escritório, ir pra casa, tomar banho, me arrumar, ir na aula, pegar minhas amigas e finalmente ir ao Boca! Haja cabeça pra trabalhar o resto da tarde. Saí do fórum e passei na loja que minha amiga trabalhava e já combinei tudo. Agora bastava segurar a ansiedade até às 22h30min que era o horário que terminava minha aula de sexta-feira. Ah, dessa aula da sexta-feira não lembro sequer a matéria, mas a voz dele conversando comigo no Fórum, o beijo leve no meu rosto, o seu perfume e os rumores das pessoas no entorno, isso sim, ecoam na minha cabeça até hoje!

 

Chegando ao Boca, já o avistei. Lembro tanto da roupa dele, quanto da minha. Ele, lindo e charmoso como sempre estava com uma calça de sarja azul marinho e camisa. Chiquérrimo e gato como sempre. Eu de saia vermelha e blusa branca, aproveitei colocar um salto altíssimo que eu amava. Sem saber, estávamos num grenal invertido! De certa forma, acho que acertei nas cores, pois agradei ao colorado que eu já estava apaixonada, e ele, sem saber, estava com as cores do time (grêmio) que hoje confesso que abandonei por amor.

 

Lá pelas tantas, ele veio à nossa mesa e conversamos, saímos dar uma volta e naquela noite foi nosso primeiro beijo. Não preciso dizer que depois dessa noite minha vida nunca mais foi a mesma, ou melhor, essa noite foi a primeira noite do resto da minha vida! Tudo que eu tinha no meu conceito de amor e paixão mudou ali. Parece piegas ou exagero, mas não é. Ali eu sabia que rumo minha vida teria.

 

Parece impossível, mas no momento em que eu não esperava encontrar ou conhecer alguém especial, eu conheci a pessoa mais incrível e especial que eu poderia imaginar e conheci o amor de uma forma que eu achava que não seria possível. Jamais imaginei que o amor seria um sentimento tão forte quanto o que sinto por ele.

 

Encontramo-nos várias vezes depois dessa noite, chegou o final do ano, ele se formou e a vida se encarregou de nos separar temporariamente. Ele foi morar na capital para fazer cursos de aperfeiçoamento e aprofundamento e eu continuei com a faculdade aqui em Passo Fundo, pois faltava ainda um semestre para eu me formar. Nossos sonhos profissionais estavam dando uma atrasada na nossa vida amorosa e dentre tantas expectativas de trabalho, sonhos, dúvidas e medos, eu só tinha uma certeza: de que eu já havia encontrado o homem da minha vida.

 

Foi um período bem difícil, com saudades, encontros e desencontros, mas em 04 de fevereiro de 2001, finalmente o destino nos colocou frente à frente e desse dia em diante não nos separamos mais.

 

Hoje olho para trás e vejo nossos 5 anos e 10 meses  de namoro, 10 meses de noivado e quase 14 anos de casamento como uma linda caminhada (faltam 4 dias para nosso aniversário de 14 anos de casamento – Bodas de Marfim - dia 24/11/2007).

 

Casei apaixonada pelo meu marido e continuo apaixonada. Aliás, estou cada dia mais apaixonada. O dia do nosso casamento foi o dia mais feliz da minha vida. Um dia só nosso, um dia para celebrar o amor verdadeiro, o nosso amor. Um amor sem cobranças ou obrigações. Um amor puro e verdadeiro, um sentimento que eu não sabia que poderia ser tão intenso.

 

Cada dia é uma alegria nova e construímos uma vida alicerçada no amor verdadeiro, companheirismo, amizade, cumplicidade, fidelidade e lealdade. Já pensei em fazer uma tatuagem em nossa homenagem – e olha que não sou simpatizante a tatuar o corpo, mas na verdade sei que nada que marcasse minha pele seria mais forte ou profundo que a marca que ele fez em minha alma. Sou completamente arrebatada por esse homem que há mais de vinte anos apareceu na minha vida. Destino? Talvez, mas só sei que só tenho a agradecer a Deus e a Nossa Senhora, por esse verdadeiro presente na minha vida.