segunda-feira, 2 de julho de 2018

Passeio pela Índia, seus costumes e tradições... um romance lindo de Dinah Jefferies

“Antes da Tempestade", de Dinah Jefferies


Tenho um fascínio especial pela Índia, sua arte, história, costumes, religiosidade e tradição. Adoro e me instiga todo aquele universo rígido e cheio de rituais. Esse livro nos convida a um belo passeio por esse país incrível.

Com o estilo leve e bem descritivo da autora, que ela já demonstrou em sua outra obra imperdível – “O perfume da folha de chá” (clique aqui para acessar o post), impossível não se colocar no lugar dos personagens dessa história encantadora: um romance lindo que desafiou regras e tradições. 

Eu sempre me vejo nos enredos dos livros que leio. Parece loucura, ou bobagem até, mas sempre me penso em que núcleo eu estaria, onde eu me encaixaria, como eu agiria nas situações apresentadas. Sempre vou projetando as ações e reações, principalmente, nos romances! Sou uma apaixonada incurável, não adianta.


Quando Eliza – a inglesa, descobre que o seu amado Jay – o príncipe indiano, já a conhecia desde a infância, me arrepiei. Como não viajar e trazer essas coincidências das obras de ficção para a nossa vida real? Lógico que já me transportei na história... lembrei do fato de que minha mãe quando estava me gestando foi professora do meu marido na pré-escola. Eu sei que não tem importância nenhuma isso e até parece bobagem, mas eu, como eterna apaixonada e a louca por histórias de amor, já me encantei!

Fiquei divagando que o destino das pessoas está entrelaçado e escrito desde muito tempo. Voltando ao caso do livro, restou bem claro que a história de Jay e Eliza estava predestinada, era pra eles resgatarem aquela vivência infantil e outras coisas mais.

Seguindo a história, quando a mãe do príncipe - a Marani, diz à Eliza que ‘lá na Índia, os casamentos nada tem a ver com romance e sim são uma estratégia que melhore a sorte e a condição de suas famílias’, foi um banho de água fria no meu entusiasmo. Claro, o romance ‘proibido’ não seria tão fácil e simples assim.

Mas, a partir daí a história ganhou uma força a mais, pois agora eu queria saber como eles fariam pra driblar essa dificuldade, afinal, a inglesa viúva seria aceita pela realeza indiana?
As viúvas não são bem vistas na Índia, elas representam a desonra de sobreviver ao marido, como se a vida do marido dependesse do sucesso dos cuidados da esposa apenas.

Esse comportamento, com relação às viúvas, descrito no livro não me chocou, pois eu já tinha lido muitas obras que retratam bem essa questão, mas mesmo assim, é triste saber que a mulher tem apenas a finalidade estar ao lado do marido e de cuidá-lo, sendo que na sua falta, ela deverá ser queimada ou até devolvida para sua família raiz.

Lá na Índia, as mulheres, de um modo geral, não são vistas com igualdade aos homens. Em várias passagens do livro a gente sente que o pensamento dos indianos – e inclusive da Marani, é de que ‘todas as mulheres estão à procura de um marido’. A crítica social é grande no sentido de mencionar várias vezes que as mulheres não devem trabalhar e casar. Mulher é apenas para cuidar da vida da família.

Além disso, as mulheres teriam como dever cuidar do casamento, mas os homens podem ter concubinas. As traições, portanto, faziam parte do jogo.

A obra não é triste e esses detalhes culturais são necessários para nos ambientarmos no tempo e no espaço onde a história é contada. Além disso, a forma poética como a escritora nos envolve com o enredo é deliciosa, quando ela traz ‘o perfume do deserto pela manhã’ a gente pensa que se inspirar mais profundamente irá sentir!

Outra parte do livro que me deixou um pouco apreensiva, mas, repito, era indispensável para a ambientação, é descrição da pobreza e do modo com que o povo vive. Por outro lado, também traz a descrição da riqueza, das joias, das roupas, dos xales de seda bordados a ouro... é um livro muito rico de detalhes que nos fazem perceber os meandros da vida na Índia.

Numa cultura em que prega que uma mulher que se envolve com um homem é aplicada pena de morte e que nenhuma mulher no palácio ousaria mostrar o rosto a um homem que não o seu marido, foi difícil para nossa protagonista se adequar às regras e viver o romance recém iniciado com o príncipe. Aliás, estava difícil até o dia-a-dia como fotógrafa, pois até para andar pelo palácio precisava de companhia e se sentia vigiada.

O livro além de contar uma história linda, nos faz refletir sobre o destino e sobre os costumes e tradições seculares. Quem determina nosso futuro? Nossas ações, ou já há algo pré-determinado? E as tradições? Devem ser modernizadas ou devem ser mantidas? As noções de carma afetando o futuro, seja nessa vida, ou na próxima, é algo que também nos faz pensar.

Leitura super gostosa, leve e apaixonante! Recomendo!

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