sexta-feira, 2 de março de 2018

Dica de leitura: "Entre Irmãs”, de Frances de Pontes Peebles


Há alguns dias terminei de ler a obra “Entre Irmãs”, de Frances de Pontes Peebles. Apesar de a leitura ter terminado, o enredo não saiu da minha cabeça. A história me tocou profundamente e me deixou com os sentimentos à flor da pele. O livro, além do entretenimento, é um convite à reflexão.

A escritora é brasileira, hoje radicada em Chicago, então não vou negar que meu coração palpitou de orgulho e admiração. Inclusive o livro foi adaptado e virou filme e minissérie. Um sucesso!

O livro é um épico que conta a história dramática e emocionante de duas irmãs no sertão de Pernambuco numa época de grandes transformações políticas de nosso país: década de 1930 – era Vargas.

Adorei a forma leve que a escritora delineou a história real do nosso Brasil com a história das irmãs Luzia e Emília. Achei muito interessante a forma sutil como a escritora conseguiu mostrar a sociedade da época, os costumes, as regras ditadas pela ‘aristocracia’ dos coronéis, que na verdade perduram até hoje de outra forma, mas com a mesma intensidade. Existem coisas e valores que, infelizmente, nunca mudarão: dinheiro, fama e poder sempre falam mais alto. Aparências são mais importantes do que a felicidade verdadeira. Mulheres sempre relegadas a segundo plano e educadas para fazerem um ‘bom casamento’. Filhos homens orientados a estudar e fazer fortuna. Enfim, situações que hoje até se tenta modificar, mas no fundo continuam iguais.

Luzia e Emília vivem em Taquaritinga aos cuidados da tia Sofia, que lhes ensinou o ofício de costureira. Os dramas familiares e as dificuldades não impediram que as meninas sonhassem e fossem felizes ao seu modo. Emília, sonhadora, deseja casar e mudar-se para a cidade grande. Luzia se conforma com a realidade, atura o preconceito e convive com as dificuldades de ter um braço enrijecido em consequência de um acidente numa árvore quando criança.

Porém, a vida reserva surpresas e o cangaço chega à Taquaritinga. Luzia, sem pestanejar, se une aos cangaceiros, deixando a tia e a irmã sozinhas, já que não imagina outro rumo a dar para sua vida nas condições que se encontra. Emília se casa e vai morar em Recife. Duas vidas separadas pelas dificuldades e circunstâncias, mas a trama mostra que em pensamento as duas irmãs estão mais próximas do que nunca, e isso me fascinou.

Não vou contar como a história se desenvolveu para não tirar o prazer do leitor. O que me toca nos livros é sempre o sentimento que eles deixam em nossos corações. Nessa obra, o que me marcou foi que o tempo passou, as circunstâncias mudaram, cada irmã deu rumo a sua vida, mas o amor que as uniu esteve sempre presente. Tudo que Luzia fazia, pensava na irmã e o mesmo se dá com Emília. Isso é maravilhoso, pois nota-se que o amor entre irmãos é o bem mais precioso que se pode ter e nada, nem ninguém, consegue acabar. A distância física das meninas não impediu que uma cuidasse da outra ao seu modo, da forma como era possível.

Devorei a obra sonhando com o momento em que as duas irmãs pudessem se reencontrar – e esse era o sonho delas também. O destino acaba unindo as irmãs de uma forma inusitada e emocionante. No livro, elas não se encontram fisicamente, mas de coração estão mais próximas e unidas do que nunca.

Fiquei completamente absorta com a história do sertão nordestino. Pra nós parece impossível viver naquela seca e em condições tão precárias. É muito triste saber que isso existiu, e que talvez ainda existam famílias em situações de tamanha escassez. O que mais me encantou foi perceber que apesar daquela triste realidade existia a beleza dos sentimentos que as irmãs mantinham e levaram pra vida toda. Mesmo separadas e sem conseguirem se comunicar, estavam sempre em sintonia, uma pensando na outra e, de certa forma, lutando pela outra.



P.S.: Meu livro é autografado! Adoro meus livrinhos!

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